Terapia Alternativa mata mulher

Este tipo de notícias estão sempre a acontecer… infelizmente, nem as pessoas aprendem nem as autoridades fazem alguma coisa para parar com estas pseudociências mortais.

Crédito: 五玄土 ORIENTO, Unsplash.

Danielle Carr-Gomm era uma mulher inglesa com 71 anos.
Ela era diabética, tendo que tomar insulina constantemente.

Ouviu falar da auto-proclamada terapia tradicional chinesa Paida Lajin, que envolve a própria pessoa (ou outra) esbofetear-se (dar palmadas/tapas em diferentes partes do corpo).
Supostamente, isto expulsa as toxinas do corpo…

No workshop desta treta, que durou vários dias, ela também passou fome: o “tratamento” incluía somente beber chá.

Após parar de tomar insulina, ela foi parabenizada pelo “instrutor”.

Depois, começou a vomitar e a ter muitas dores.
O que levou o “instrutor” a, alegadamente, esbofeteá-la no quarto… porque, mais uma vez, supostamente isto expulsava “as doenças”.
Afinal, segundo o “conhecimento” do guru, vomitar é bom, porque são as toxinas a sair do corpo.

Sem surpresa, ela morreu no dia seguinte.

O caso foi a julgamento na Inglaterra.
O alegado “curandeiro” foi condenado por homicídio.


Dou só mais duas informações relevantes que foram apresentadas em julgamento:

– o “instrutor” não tem qualquer treino médico…

– 17 meses antes, o mesmo “instrutor” tinha dado um workshop da mesma treta na Austrália. A esse workshop, pais irresponsáveis levaram o seu filho diabético. Ele parou de tomar insulina. E também morreu. O tribunal na Austrália condenou o mesmo “instrutor” por homicídio.

Crédito: Andrew Le, Unsplash.

Eu percebo que as pessoas com fraca literacia científica e em desespero, procurem “soluções milagrosas” para os seus problemas.

O que não entendo é como uma sociedade altamente científica e tecnológica continue a permitir a promoção de idiotices à luz do conhecimento científico.

Fontes: Skynews, Skynews, The Guardian.

4 comentários

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    • Jonathan 'Hamelin' Malavolta on 18/07/2024 at 17:47
    • Responder

    Isso no Brasil iria prosperar. Constelação familiar, uma conhecida pseudociência criada para camuflar a pedofilia de seu “criador” e fazê-lo fugir da pena de prisão, enganando o tribunal alemão, é aceita nos tribunais brasileiros como prática de reconciliação familiar, sobretudo em casos onde a violência doméstica é não só gritante como também constante. Florais de Bach (nada a ver com o saudoso compositor barroco) e acupuntura, duas pseudagens baratas que já fizeram vítimas ao redor de todo o globo terrestre, são aceitas pelo Ministério da Saúde como “medicina alternativa” e o SUS (Sistema Único de Saúde) é obrigado a incluí-las e INFORMAR os pacientes da existência delas (mesmo sem nenhuma eficácia científica comprovada e com fraudes já comprovadas) para que estes possam optar se preferem o tratamento padrão (que segue os moldes da medicina tradicional) ou se segue a “medicina alternativa”, mesmo sob protestos do Conselho Federal de Medicina. Eu não duvido de que esta nova treta chegue por aqui e seja aprovada por nosso Ministério da Saúde para “engordar” o rol de “tratamentos” disponíveis via SUS.

    Atenção: Não confundir “acupuntura” com “eletroacunputura”; esta última já temos artigos científicos demonstrando alguns de seus benefícios, embora seus autores admitam que novos estudos precisam ser feitos, enquanto a primeira ainda não tem nenhum benefício demonstrado via artigo científico.

    1. Jonathan, só complementando seu post.

      No SUS há ainda a disponibilidade de outras “técnicas de cura”, como o Reiki ou qualquer outra “técnica” que lida com “cura pelas mãos”, há a “bioenergética” – surgida nas “práticas médicas” através do maluco-picareta Wilhem Reich, a ozonioterapia, a cromoterapia, entre outras.

      O mais impressionante, de aspecto irracional inclusive, é essa visão de mundo distorcida de factualidade científica estar oficialmente institucionalizada até dentro das universidades brasileiras.

      O que fazem para que algo assim “pegue”? Dão um nome pomposo: “práticas integrativas”, tentando convencer as pessoas que são necessárias, pois argumentam que “a medicina atual trata o ser humano de forma impessoal, como se fosse um amontoado de órgãos”. “Que o serr humano precisa ser tratado de forma ‘holística’, ‘integrativa’, com uma ‘visão ampliada de saúde, mais humana’ “.

      E ai “tratam” as pessoas com picaretagens “quântica”. kkk.. Rir para não chorar. Como curar com coisas que não funcionam?

      Dá para perceber que isso surge e vai adiante no meio público quando derivado de uma ação política, ideológica, como sempre, burrinha e inconsequente, ignorante das coisas, mas essa coisa ser permissiva no próprio meio científico, entrar dentro das universidades de forma oficial, não é de se entender. É inominável de adjetivos os profissionais de ciência aceitarem e ficarem submissos, vestirem a camisa, abraçarem a causa sem o mínimo de questionamento cético de evidências. Estamos perdidos.

      Como escrevi em um post em outro tema (aquele sobre politica de extremistas), post que inclusive não vi publicado, nossas escolas (e até as universidades) sofrem muito a interferência ideológica, inclusive com iniciativa e ação dos próprios professores. Tinha uma professora num curso de Agronomia que um parente meu fazia que começava as aulas com leituras astrológicas, mostrando “a realidade” para os alunos do “por que” as coisas estavam assim e para onde caminhava a humanidade, com “crises pela frente”… kkkk.. E não se pode exonerar uma pessoa assim porque é funcionária pública concursada. Se as universidades permitem as “práticas integrativas” e professores assim, como decaímos em consciência!

      O problema é que, depois de um retrocesso assim, dificilmente essas coisas são questionadas e voltam a melhorar, pois cria-se uma cultura de aceitação por antiguidade e convivência, os novos entram no esquema sem questionar, assim como aconteceu com a Psicanálise, uma pseudociência que entrou nas universidades há décadas e não tem jeito de se extirpá-la dos currículos dos cursos de Psicologia e Psiquiatria.

      1. O problema, como disse noutro comentário, é não ensinarem pensamento crítico nas universidades. Mesmo em cursos de ciência. As pessoas podem saber muito de certo assunto científico, mas não sabem pensar mais global.

        “post que inclusive não vi publicado” – não entendi. Aqui no AstroPT?

  1. No Brasil estamos sofrendo a praga das terapias alternativas lincadas a notícias populares de falsos promotores de conteúdo de notícias, um deles é um tal de Taboola. Curioso que a grande mídia tradicional nacional e as regionais abrem espaço nos próprios portais para os picaretas se promoverem.

    Hoje mesmo li sobre uma “cura milagrosa” para o zumbido (tinnitus) num desses links promovidos, só por curiosidade.

    A tática de venda é sempre a mesma: “descobriram a cura do zumbido”; a “causa” da doença que explicitam é simplória; que o medicamento é “revolucionário”, mas não informam os componentes. que foi “aprovado” por uma universidade estrangeira; cita o nome de um pesquisador que “validou” o “medicamento”, mas não mostram o link da pesquisa científica; que a empresa tem autorização de venda pela agência reguladora de saúde brasileira, a ANVISA; que os médicos não falam do medicamento porque estão mancomunados com as grandes indústrias farmacêuticas, e por fim, falsificam depoimentos. A oferta de preço por lote grandioso do “medicamento” fica bem mais em conta.

    Pura picaretagem.

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