Já há muito tempo que se sabe que assim que descobrirmos vida extraterrestre, as divisões que temos na Terra entre animais e plantas (e muitas outras divisões!) vão desaparecer.
Mas até mesmo a vida na Terra nos continua a surpreender.
Até agora, a fotossíntese era característica das plantas.
Agora foi descoberto um animal que realiza a fotossíntese: uma lesma marinha!
Correio da Manhã:
“A Elysia chlorotica é uma lesma do mar de cor verde, que habita a costa este dos Estados Unidos e Canadá.
A lesma era conhecida por “roubar” os genes das algas de que se alimenta, as Vaucheria litorea. Desta forma obtinha os cloroplastos – estruturas de cor verde características de células vegetais que permitem a conversão da luz solar em energia -, armazenando-os nas células que cobrem os seus intestinos. No entanto, os últimos estudos da equipa de cientistas revelam que o molusco marinho desenvolveu as suas capacidades químicas, permitindo-lhe fabricar clorofila – pigmento que captura a luz solar – sem necessitar de roubar aos seus alimentos.
Na lesma marinha, os cloroplastos extraídos permanecem activas durante um ano, o que significa que, no caso de uma lesma jovem se alimentar uma vez das algas Elysia chlorotica e tiver acesso à luz solar, não tem necessidade de voltar a comer durante a sua vida.
Foram encontrados exemplares da Vaucheria litorea que não se alimentavam há pelo menos cinco meses.”
Público:
“Esta lesma-do-mar é movida a energia solar.
Fingem ser como as plantas, caso raro entre os animais. Podem ser tão boas ou até melhores do que as algas a usar a luz do Sol na obtenção do seu alimento – como agora descobriu uma equipa de biólogos portugueses.
Como um vampiro, faz um pequeno furo na alga. Depois, suga-lhe todo o conteúdo celular e passa a comportar-se como uma planta, usando a luz solar para produzir parte do seu alimento. Só que não é uma planta, nem lá perto – é uma lesma-do-mar.
(…)
Enquanto a alga, que é encimada por um chapéu, atinge cinco centímetros de altura, os maiores exemplares da lesma têm apenas um de comprimento. A relação entre as duas ganha contornos ainda mais curiosos quando Bruno Jesus revela que a alga é feita de uma única célula. É dos maiores seres unicelulares.
Portanto, a lesma tem a vida facilitada quando a come: em vez de ter de abrir diversos buracos, para retirar o conteúdo de inúmeras células, só precisa de o fazer uma vez para sugar a parte onde se encontram os cloroplastos. “Como é uma célula gigante, consegue ter acesso a todo o seu conteúdo de uma só vez. Mas não come a alga toda, deixa ficar a parte de fora”, explica Bruno Jesus.
Os cloroplastos ingeridos pela lesma passam depois pelo seu tracto digestivo sem serem digeridos e mantêm-se funcionais, qual cleptómana. Roubados assim às algas, podem produzir energia tal como o faziam na alga. Enquanto outros animais desperdiçam os cloroplastos, ela aproveita-os para obter parte do seu alimento. A outra parte é obtida através da digestão do próprio conteúdo celular da alga.”
(…)
Afinal, ao longo da evolução, alguns genes do núcleo celular das algas tinham sido transferidos para o das lesmas. Este tipo de transferência de genes já era conhecido entre bactérias – “mas não entre um animal e uma planta”, sublinha Gonçalo Calado. “Isto foi uma grande inovação.”
É por esta razão que as lesmas-do-mar são únicas entre os animais, e não por fazerem fotossíntese. Embora seja raro, conhecem-se outros animais fotossintéticos, como certos corais, que vivem associados a uma microalga (também de uma só célula). A diferença é que esses corais introduzem no seu interior a alga inteira, e não apenas as suas fábricas de energia. “O que é único neste grupo de lesmas-do-mar é que apenas incorporam os cloroplastos nas suas células. E, para funcionarem, têm de ter informação vinda do núcleo do animal, pois deixaram de ter o núcleo da alga”, frisa Gonçalo Calado. “Isso é que é único.”
Compreender como um sistema celular vegetal consegue funcionar dentro de um animal é um dos motivos por que os cientistas se sentem tão fascinados pelas lesmas-do-mar. “Já quebraram muitas das barreiras cognitivas que tínhamos na cabeça”, diz Gonçalo Calado.”
Leiam todo o artigo, aqui.
Este estudo foi editado pela Lynn Margulis, 1ª esposa do famoso Carl Sagan.
Leiam também sobre o estudo, aqui, aqui, aqui, e aqui.
Incrível! Um animal que não precisa mais de se alimentar.
Será que é possível colocar os humanos a fazer fotossíntese? 😉
Eu não me importava de ficar deitado ao Sol… 😀
2 comentários
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Gostei desta descoberta fica muito claro que a biologia nos reservando muitas surpresa, só mostra que a biologia pode ir muito além que qualquer ser humano possa imaginar.
É a lesma da Troika, mesmo a pedir para passar os dias a apanhar banhos de sol e tomar umas banhócas na costa portuguesa…sem gastar um chavo!
[…] – Vida Estranha: vida diferente. Plantas que andam. Peixe caminha. Medusa vive para sempre. Animal faz fotossíntese. Porco-do-Mar. Glowworms. Super-organismos. […]
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