O mês de Fevereiro encerra com o registo de quatro lançamentos orbitais, sem um deles tripulado. Vamo-nos aqui referir aos lançamentos não tripulados. Foram três os novos satélites activos colocados em órbita: o Progress M-04M, um veículo de carga para a estação espacial internacional, o Solar Dynamics Explorer, um observatório científico solar, e o Intelsat-16, um satélite de comunicações.
Lançamento do Progress M-04M
A Rússia levou a cabo o lançamento do veículo de carga11F615Ð60 n.º 404, querecebeu a designação Progress M-04M após atingir a órbita terrestre, para a estação espacial internacional ISS. O lançamento teve lugar às 0345:30UTC e foi levado a cabo por um foguetãoSoyuz-U a partir da Plataforma de Lançamento PU-5 do Complexo de Lançamento LC1 ‘Gagarinskiy Start’do Cosmódromo GIK-5 Baikonur, Cazaquistão.
A bordo seguiem mais de 2.500 kg de carga entre os quais ar, água, oxigénio, alimentos, experiências, materiais suplentes e itens para os actuais habitantes da ISS.
A acoplagem com a ISSteve lugar a 5 de Fevereiro.
• Módulo de Carga – GO “Gruzovoi Otsek” (com um comprimento de 3,0 metros, um diâmetro de 2,3 metros e um peso de 2.520 kg) com um sistema de acoplagem e está equipado com duas antenas tipo Kurs;
• Módulo de Reabastecimento – OKD “Otsek Komponentov Dozapravki” (com um comprimento de 2,2 metros, um diâmetro de 2,2 metros e um peso de 1.980 kg) destinado ao transporte de combustível para as estações espaciais;
• Módulo de Serviço PAO “Priborno-Agregatniy Otsek” (com um comprimento de 2,3 metros, um diâmetro de 2,1 metros e um peso de 2.950 kg) que contém os motores do veículo tanto para propulsão como para manobras orbitais. O seu aspecto exterior é muito semelhante ao dos veículos tripulados da série 17K-STM Soyuz TM (11F732).
Os lançamentos dos veículos de carga russos serão levados a cabo pelos foguetõesSoyuz-2.1a em vez dos foguetõesSoyuz-U a partir de2010/2011, com os dois lançadores a serem utilizados em simultâneo durante um período de tempo. A partir de 2010/2011 os lançamentos dos veículos tripulados Soyuz TMA e Soyuz TMA-M serão lavados a cabo pelo foguetãoSoyuz-2.1a e mais tarde os lançamentos dos veículos de carga serão levados a cabo pelos foguetõesSoyuz-2.1b.
Esta alteração acontece devido ao facto que, tal como aconteceu com os foguetõesProton-K, os sistemas de controlo analógicos utilizados nos foguetõesSoyuz-U eSoyuz-FG são fabricados na Ucrânia. Como a agência espacial russa Roskosmos e o Ministério da Defesa Russo não querem depender de um fabricante estrangeiro, torna-se necessário proceder a esta alteração nos lançadores pois os novos sistemas de controlo e telemetria são fabricados na Rússia.
O foguetãoSoyuz-U é a versão do lançadorSoyuz, mais utilizada pela Rússia para colocar em órbita os mais variados tipos de satélites. Pertencente à família do R-7, o Soyuz-U também tem as designações SS-6 Sapwood (NATO), SL-4 (departamento de Defesa dos Estados Unidos), A-2 (Designação Sheldom).
O Soyuz-U é fabricado pelo Centro Espacial Estatal Progress de Produção e Pesquisa em Foguetões (TsSKB Progress) em Samara, sobre contrato com a agência espacial russa.
O foguetãoSoyuz-U com o cargueiro Progress M tem um peso de 313.000 kg no lançamento, pesando aproximadamente 297.000 kg sem a sua carga. Sem combustível o veículo atinge os 26.500 kg (contando com a ogiva de protecção da carga). O foguetão tem uma altura máxima de 36,5 metros (sem o módulo orbital). É capaz de colocar uma carga de 6.855 kg numa órbita média a 220 km de altitude e com uma inclinação de 51,6º em relação ao equador terrestre. No total desenvolve uma força de 410.464 kgf no lançamento, tendo uma massa total de 297.400 kg. O seu comprimento atinge os 51,1 metros e a sua envergadura com os quatro propulsores laterais é de 10,3 metros.
O módulo orbital (onde está localizada a carga a transportar) pode ter uma altura entre os 7,31 metros e os 10,14 metros dependendo da carga. O diâmetro máximo da sua secção cilíndrica varia entre os 2,7 metros e os 3,3 metros (dependendo da carga a transportar). O foguetão possui um sistema de controlo analógico e tem uma precisão na inserção orbital de 10 km em respeito à altitude, 6 segundos em respeito ao período orbital e de 2′ no que diz respeito ao ângulo de inclinação orbital.
É um veículo de três estágios, sendo o primeiro estágio constituído por quatro propulsores laterais a combustível líquido designados Block B, V, G e D. Cada propulsor tem um peso de 43.400 kg, pesando 3800 kg sem combustível. O seu comprimento máximo é de 19,8 metros e a sua envergadura é de 3,82 metros. O tanque de propolente (querosene e oxigénio) tem um diâmetro de 2,68 metros. Cada propulsor tem como componentes auxiliares as unidades de actuação das turbo-bombas (peróxido de hidrogénio) e os componentes auxiliares de pressurização dos tanques de propolente (nitrogénio).
Cada propulsor tem um motor RD-117 e o tempo de queima é de cerca de 118 s. O RD-117 desenvolve 101.130 kgf no vácuo durante 118 s. O seu Ies é de 314 s e o Ies-nm é de 257 s, sendo o Tq de 118 s. Cada motor tem um peso de 1.200 kg, um diâmetro de 1,4 metros e um comprimento de 2,9 metros. Têm quatro câmaras de combustão que desenvolvem uma pressão no interior de 58,50 bar. Este motor foi desenhado por Valentin Glushko.
Lançamento do SDO
A United Launch Alliance procedeuao lançamento do observatório solar SDO (Solar Dynamics Observatory). O lançamento foi levado a cabo por um foguetão Atlas-V/401 (AV-021) às 1512:00UTC do dia 11 de Fevereiro a partir do Complexo de Lançamento SLC-41 do Cabo Canaveral AFS, Florida. O lançamento estava inicialmente previsto para ter lugar a 10 de Fevereiro mas foi adiado devido à ocorrência de fortes ventos na trajectória que seria seguida pelo lançador.
O SDO tem como missão ajudar-nos a melhor compreender a influência do Sol na Terra e no espaço próximo do nosso planeta ao estudar a atmosfera solar em pequenas escalas de tempo e espaço e em muitos comprimentos de onda de forma simultânea.
OSDO irá ajudar-nos a compreender o ‘como’ e o ‘porquê’ das alterações do canpo magnético solar. Irá determinar a forma como o campo magnético é gerado e estruturado, e a forma como a energia magnética armazenada é libertada na heliosfera e no geospaço. Os dados e análises da SDO irão também ajudar-nos a desenvolver a capacidade de prever as variaçõe solares que influenciam a vida na Terra e os sistemas tecnológicos da Humanidade.
O novo observatórioirá medir as propriedades do Sol e da actividade solar. Existem poucos tipos de medições mas muitas delas serão obtidas. Por exemplo, a velocidade da superfície será medida pelo HMI. Estes dados podem ser utilizados para muitos estudos diferentes. Um é o nível de rotação da superfície, que deve ser removido para se poder estudar outros parâmetros. Após se eliminar a rotação, temos as velocidades de oscilação e convectiva. Esta última é semelhante a aglomerados de nuvens de tempestade cobrindo o Sol. O gás quente move-se para fora no centro dos aglomerados e para baixo nos bordos, tal como a água a ferver. Ao analisarmos estas velocidades podemos ver a forma como as manchas solares afectam a zona de convecção. Ao se observar uma longa sequência de dados (mais de 30 anos), podemos ver as oscilações do Sol. Estes padrões podem ser utilizados para olharmos o interior so Sol e através dele.
Os objectivos científicos do Projecto SDO têm como objectivo melhorar a nossa compreensão de sete questões científicas:
- 1. Quais os mecanismos que originam o ciclo de actividade solar de quase 11 anos?
- 2. De que forma é sintetizada a região activa do fluxo magnético, concentrada e dispersa ao longo da superfície solar?
- 3. De que forma a reconexão magnética em pequena escala reorganiza a topografia de campo em larga escala e os sistemas actuais, e quão significativo é no aquecimento da corona e na aceleração do vento solar?
- 4. Onde é que as variações observadas na irradiança espectral EUV do Sol se originam e de que forma se relacionam com os ciclos de actividade magnética?
- 5. Quais as configurações do campo magnético levam a ejecções de massa coronais, erupções filamentares, e explosões que originam partículas energéticas e radiação?
- 6. Pode a estrutyra e a dinâmica do vento solar próximo da Terra ser determinada a partir da configuração do campo magnético e da estrutura atmosférica próxoma da superfície solar?
- 7. Quando vai ocorrer a actividade, e será possível levar a cabo uma previsão precisa e fiável do tempo e clima espacial?
Lançamento do Intelsat-16
A ILS (International Launch Services) levou a cabo o lançamento do satélite de comunicações Intelsat-16 às 0039:40UTC do dia 12 de Fevereiro de 2010. O lançamento foi levado a cabo por um foguetãoProton-M/Briz-M a partir da Plataforma de lançamento PU-39 do Complexo de Lançamento LC200 do Cosmódromo GIK-5 Baikonur, Cazaquistão.
A separação do primeiro estágio ocorreu às 0041UTC seguindo-se a separação entre o segundo e o terceiro estágio às 0044UTC, segundos mais tarde ocorria a separação das duas metades da carenagem de protecção da carga. A separação do estágio superior Briz-M ocorreu às 0049UTC. A primeira queima do Briz-M ocorreu entre as 0050UTC e as 0054UTC.
Estafoi uma missão de mais de nove horas antes da separação do Intelsat-16. A segunda queima do Briz-M ocorre entre as 0150UTC e as 0208UTC, com a terceira queima a ter lugar entre as 0406UTC e as 0424UTC. Pelas 0425UTC ocorre a separação do tanque toroidal do Briz-M e a quarta e última queima ocorre entre as 0949UTC e as 1000UTC. A separação do Intelsat-16 ocorre às 1014UTC.
O Intelsat-16 foi construído pela (OSC)Orbital Sciences Corporation e é baseado no modelo Star-2.4. A sua massa no lançamento é de 2.056,6 kg e o satélite terá uma vida operacional de 16 anos. O satélite, também designado IS-16, será localizado na órbita geossíncrona a 58º longitude Oeste. Este satélite de banda Ku de grande potência irá fornecer a capacidade de expansão para a SKY Mexico oferecendo serviços de alta definição, nomeadamentenotícias, desporto e programação de entretenimento para os clientes direct-to-home. Adicionalmente, o IS-16 estará disponível para fornecer uma capacidade suplente para a SKY Brasil.
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