Um painel de 41 cientistas publicou um artigo na revista Science no qual analisa a investigação realizada nos últimos 20 anos sobre a extinção em massa que ocorreu no final do período Cretácico, na qual desapareceram os dinossáurios, e que marca o início do período Terciário (extinção K-T). Nas últimas duas décadas houve várias teorias apresentadas na tentativa de explicar este evento, mas depois de vários anos de investigação apenas duas resistiram às evidências.
Uma das teorias aponta como causa da extinção um desastre ambiental provocado por uma actividade vulcânica particularmente intensa e prolongada, por cerca de 1.5 milhões de anos, numa região que actualmente faz parte do território da Índia, designada de Decan Traps. Estima-se que estas erupções tenham produzido mais de 1 milhão de km3 de lava, o suficiente para encher o Mar Negro duas vezes, libertando quantidades imensas de poeiras, dióxido de carbono, dióxido de enxofre, entre outros gases, para a atmosfera, provocando um abaixamento da temperatura superficial e chuvas ácidas à escala global.
A teoria rival defende que a extinção foi devida à colisão da Terra com um asteróide com cerca de 15 km de dimensão. A cicatriz do evento, encontrada anos depois de formulada a teoria, é a cratera subterrânea de Chicxulub, na extremidade da península do Iucatão, no México. A colisão terá libertado uma energia equivalente a mil milhões de bombas atómicas semelhantes à lançada sobre Hiroshima. O evento provocou fogos à escala global, tremores de terra com amplitudes superiores a 10 na escala de Richter, movimentações das massas continentais e tsunamis. A violência do embate atirou com quantidades enormes de material a alta velocidade para as camadas mais altas da atmosfera terrestre provocando o equivalente a um Inverno nuclear, com temperaturas muito baixas e uma escuridão profunda.
Depois de analisada a investigação realizada nas últimas duas décadas sobre a extinção K-T, o painel de cientistas concluiu que as evidências apontam fortemente para a extinção ter sido provocada pela colisão de um asteróide. Nas palavras de Joanna Morgan, do Imperial College em Londres, uma das co-autoras do artigo:
We now have great confidence that an asteroid was the cause of the KT extinction.
Podem ver a notícia aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui.
Há no entanto um reparo a fazer relativamente ao facto de se dizer frequentemente que os dinossáurios se extinguiram no final do período Cretácico. Na realidade a afirmação não é exacta, alguns dinossáurios não se extinguiram. Como foi estabelecido de forma robusta, em particular na última década, pelos paleontólogos, as aves são dinossáurios pertencentes a um grupo designado de maniraptora (“mão raptora”). De facto, dinossáurios como o Velociraptor (tão popular depois do Jurassic Park, apesar de apresentado de forma incorrecta), são alguns dos parentes mais próximos das aves actuais. Sabe-se inclusivé que os maniraptora tinham penas, existindo vários fósseis espectacularmente preservados onde estas são perfeitamente visíveis. Vejam a seguinte reconstituição actual de um Velociraptor e quando virem uma ave mostrem algum respeito.
1 comentário
dailygalaxy.com…
Mais um artigo interessante:
http://www.dailygalaxy.com/my_weblog/2010/11/was-earth-struck-by-multiple-et-impacts-65-million-years-ago-new-discoveries-say-yes.html