Observar sozinho é pouco motivador.
Fazê-lo em lugares isolados e escuros pode ser perigoso.
Observar com prazer e em segurança, exige companhia.
E é aqui que o problema se levanta:
– Como arranjar companhia, como congregar pessoas que tenham o mesmo interesse na astronomia, e sobretudo, como fazer durar essa associação?
É preciso dizer que um grupo não surge espontaneamente. Alguém tem de tomar a iniciativa, de ser o motor.
Mas é bom ter a noção que não é preciso um grupo muito numeroso.
Nas várias listas de astronomia vi muitas vezes marcar sessões de observação, para serem canceladas à primeira ameaça de céu nublado.
Um erro que provavelmente custou a afirmação de alguns grupos como núcleos de observação.
O GRUPO ATALAIA COMO EXEMPLO
Pese embora que o meu interesse por astronomia e pela astronáutica venha dos anos 60, só em 2001 comecei a observar regularmente.
Através da Astrolista fui lendo as mensagens a marcar pontos de encontro, fosse no Largo da Atalaia, fosse junto ao Museu da Cidade, em Lisboa, fosse na área de serviço de Alcochete. Indicavam horas de encontro, matrículas de viaturas, ofertas de boleia etc.
Uma noite fui até à área de serviço. Fui aguardar a chegada de um carro, com determinada matrícula. Era o carro do Hugo Silva.
Nunca mais deixei de ir.
O encontro na área de serviço foi muito útil e agradável
Foi a forma de as pessoas se conhecerem, de trocarem impressões sobre o que pretendiam fazer nessa noite, de partilhar informação sobre um equipamento adquirido por alguém, de comentar um livro, de contar uma anedota.
Também a partida do local de observação era feita normalmente em grupo.
E o convívio, após a observação, era extremamente agradável e profícuo.
E quando o céu não deixava observar?
Havia tertúlia.
E essas noites de tertúlia eram muitas vezes mais produtivas que as noites de observação. Falava-se de tudo: – astronomia, ciência, telescópios, livros, revistas, encontros, viagens, experiências, projectos etc.
Ainda hoje isso continua.
E vai continuar porque é um prazer verdadeiro.
É nestas ocasiões que há tempo para discutir e explorar certos assuntos mais demoradamente;
ou para expor uma ideia e fazê-la discutir;
ou para mostrar uma nova técnica de tratamento de imagens;
ou para tudo o que venha à lembrança.
A tertúlia, hábito hoje perdido, além de um prazer é uma forma de enriquecimento mútuo.
E é fundamental para cimentar a existência de um grupo.
Não é precisa muita gente para formar um grupo de observação.
É preciso sobretudo persistência.
Meia dúzia de pessoas que se conhecem não são um grupo.
Só são grupo quando se reúnem.
O chamado Grupo Atalaia, formalmente nunca existiu.
Mas tem sido um grupo de verdade.
Até dado momento a Atalaia era o Grupo. Sem grupo não havia Atalaia.
As coisas mudaram.
Hoje a Atalaia é um local de observação. O grupo já conta pouco.
Em mensagens próximas tentarei dar uma ideia da evolução, dos interesses, dos comportamentos, da diversificação de objectivos, na esperança de que isso possa ajudar a dinamizar outros grupos, noutros locais.
Entretanto convido todos a visitarem a página www.atalaia.org que contém relatos de encontros ocorridos a partir de Janeiro de 2002.
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