O Kavli Institute for Theoretical Physics, na Universidade da Califórnia, Santa Barbara, está a organizar, de 29 de Março a 2 de Abril, um conjunto de seminários sobre o estado actual e a evolução futura do estudo dos exoplanetas. A lista de palestrantes é impressionante: Michel Mayor (University of Geneva), Geoff Marcy (University of California, Berkeley / San Francisco State University), Debra Fischer (San Francisco State University), David Charbonneau (Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics), Bill Borucki (Kepler/NASA Ames Research Center), Drake Deming (Planetary Systems Laboratory NASA/GSFC), entre muitos outros.
Na página do evento podem assistir às palestras (os vídeos ficam normalmente disponíveis no dia seguinte) e, em alguns casos, ver os slides das apresentações. Em particular, as palestras da Magali Deleuil e do Bill Borucki, amanhã, poderão trazer algumas novidades relativamente a novas descobertas das missões CoRoT e Kepler, respectivamente.
(Actualização: 1 de Abril de 2010)
Já estão disponíveis os vídeos de várias apresentações das quais destacaria as seguintes:
Geoff Marcy apresentou o projecto Eta-Earth que utiliza o espectroscópio HIRES no telescópio Keck I para caracterizar a população de Super-Terras e Neptunos no chamado “deserto de planetas”, observando 238 estrelas anãs próximas de tipos espectrais G, K e M. De facto, as simulações actuais da formação de planetas produzem muito poucos planetas com um semi-eixo maior entre 0.05 e 1 u.a. e massas entre 1 e 30 massas solares. Não é de todo claro porque é que tal acontece, daí que é importante a detecção de planetas neste regime de distâncias e massas para avaliar se este efeito é real e quantificá-lo. A apresentação é particularmente interessante pois mostra entre outras coisas como é difícil afinar a tecnologia actual para conseguir em média uma precisão de 3 m/s (a amplitude do efeito provocado por Saturno na velocidade radial do Sol) nas medições da velocidade radial no HIRES (o HARPS consegue em média 2 m/s). Até ao momento, os resultados mostram que, no máximo, 8% das estrelas têm planetas com massas entre 10 e 100 vezes a massa da Terra (Urano=14, Neptuno=17, Saturno=95) e períodos inferiores a 20 dias. A continuação das observações possibilitará incluir planetas abaixo das 10 massas terrestres e com períodos superiores a 20 dias, dando uma cobertura progressivamente maior ao “deserto de planetas”.
As apresentações do David Charbonneau e da Giovanna Tinetti sobre trânsitos e a sua utilização para a caracterização das atmosferas dos exoplanetas são interessantíssimas, mostrando a importância crucial de instrumentos como o Hubble e o Spitzer no nosso conhecimento dos exoplanetas e projectando a importância do tão aguardado telescópio Webb nesta área. A Magali Deleuil levantou o véu, muito ligeiramente, relativamente aos 3 novos exoplanetas do CoRoT: CoRoT-8b ( um “Neptuno”); CoRoT-10b (um “Júpiter Quente” com excentricidade elevada) e CoRoT-11b (um “Júpiter Quente” em torno de uma estrela com uma elevada velocidade de rotação). Finalmente, a apresentação do Gaspar Bakos (da HAT-Net) foi excelente. É verdadeiramente impressionante o que este investigador do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics e a sua equipa conseguiram fazer com hardware “off-the-shelf”, desenhando, construindo e instalando os pequenos observatórios da rede HAT-Net; escrevendo o software para o controle dos observatórios, aquisição de dados e processamento posterior; establecendo parcerias com outras equipas (e.g. Geoff Marcy) para fazer o seguimento de candidatos obtidos pela HAT-Net.
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