Observem com atenção este eclipse solar parcial registado anteontem pelo Solar Dynamics Observatory (SDO).
Eclipse parcial do Sol visto do espaço. Imagens captadas a 04 de Março de 2011 pelo instrumento Atmospheric Imaging Assembly (AIA) do Solar Dynamics Observatory (canal de 304 Å).
Crédito: SDO(NASA)/AIA consortium.
Tudo parece normal até que… num movimento que aparentemente desafia as leis da Física, a silhueta da Lua desliza sobre o disco solar, pára e retoma o movimento no sentido contrário! O que é que aconteceu?
Nada de estranho. A Lua prosseguiu o seu movimento orbital em redor da Terra; o SDO também. Como faz parte da missão do SDO a contínua observação do Sol, o astro-rei parece permanecer estacionário nas imagens. A Lua, por seu turno, por estar mais próxima, tem o seu movimento aparente afectado pelo movimento orbital do observatório solar. Assim, dependendo do local em que o SDO se encontra na sua órbita, a Lua movimenta-se nas imagens ou para a esquerda ou para a direita. Nesta sequência, o SDO encontrava-se no ponto exacto da sua órbita em que a Lua invertia o seu movimento aparente, criando um efeito visual conhecido por paralaxe.
5 comentários
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Caro Filipe,
Quando escrevi que aparentemente desafia as leis da Física, referia-me à inversão do movimento da Lua, não à velocidade do vídeo. 😀
Bom, baralhei-me nas rotações, queria dizer de Oeste para Este… E em vez de “ascending node” é melhor dizer “direcção perpendicular à do Sol”.
Lembrei-me de uma palavra que talvez ajude a explicar o que eu quis dizer: “ascending node” em inglês. Penso que é “aí” que a SDO estava, vista de cá.
Isso não aparenta desafiar as leis da física! Isso desafia mesmo! Isto porque não aconteceu com essa velocidade de certeza! O vídeo foi acelerado para não se instalar o tédio 🙂
Dá para ver isto ao ver a actividade solar, que não é tão rápida assim.
Por outro lado, o SDO está muito mais perto da Terra que da Lua, e como tal tem um período de órbita menor (por acaso até é sincronizada com a rotação da Terra).
Engraçado que desenhando uma circunferência à volta do Sol, e depois sobrepondo essa circunferência com a Lua, se vê que ela tem o mesmo tamanho aparente, logo a SDO está a uma distância da Lua e do Sol muito idêntica a nós.
Isto faz de tal forma sentido que realmente só há um sítio onde a SDO pode estar: é na “ponta” da órbita que “volta para trás” como quem vai de Este para Oeste e volta para trás do outro lado da Terra (falta-me nomenclatura para explicar isto melhor), agora na altura da Lua Nova (pouco tempo depois, assumindo que o Norte fica para cima). Está precisamente à mesma distância do Sol que nós.
Engraçado também de ver que o alinhamento das imagens (possivelmente relacionado com a orientação da própria câmara no satélite) sofreu com a influência da Lua 🙂 o centróide da “bola” pareceu-lhe deslocar-se quando parte dessa bola foi tapada pela Lua.
Aposto 10 euros em como este vídeo vai andar por fóruns de OVNIs como evidência que a câmera estava parada, e um OVNI passou pela frente da câmera e voltou pra trás
😛
Afinal, é o normal nestes casos.
Recentemente, lembro-me por exemplo deste caso:
http://www.astropt.org/2010/10/22/nasa-encobre-prova-de-extraterrestres/
ou até deste:
http://www.astropt.org/2010/12/11/tres-objectos-gigantescos-vem-na-direccao-da-terra/