cativar as pessoas para a ciência

Apesar da quantidade de livros de divulgação científica ter sofrido um enorme boom durante as últimas décadas, o problema de como cativar as pessoas para a ciência matém-se. Não se trata aqui, evidentemente, de como cativar jovens para ingressarem em cursos e profissões ligadas à ciência, mas sim o de tentar fazer com que as pessoas que não estão ligadas à ciência se interessem por ela, por uma questão de conhecimento e cultura geral.

Durante os anos 80 (e também nos anos 90, devido a repetições que foi tendo), a série Cosmos, de Carl Sagan, atingiu este objectivo. Imensas pessoas, mesmo não estando directamente ligadas à ciência, deixavam-se fascinar não só pela astronomia, mas também pela física, química, biologia e história – as áreas que a série mais frequentemente aborda.

Hoje, a quantidade de documentários científicos é inacreditavelmente maior que nessa altura, mas nenhum chegou minimamente perto do impacto de Cosmos. Alguns são até muito bons; porém, há dois problemas. Em primeiro lugar, o facto de existirem tantos programas e de nenhum passar em canais generalistas faz com que as pessoas não desenvolvam o hábito de ver nenhum deles. Segundo, até agora nunca vi ninguém a apresentar um desses programas com a genialidade de Carl Sagan.

Carl Sagan foi o grande divulgador de ciência do século XX. Aliava o rigor exemplar à capacidade de divertir e entreter quem não era entendido na matéria; fazia com que quem assistisse ficasse não apenas interessado, mas verdadeiramente fascinado com o que estava a ver; mostrava não só o interesse mas também a beleza da ciência; respeitava a religião e insistia na importância da história e da arte.

Numa altura em que se nota que não existe um interesse generalizado pela ciência, precisa-se urgentemente de um novo Carl Sagan. Aqui fica um dos seus momentos mais marcantes, do episódio Harmony of the Worlds, em que se aborda a vida de Kepler e descoberta das suas três leis.

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7 comentários

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  1. skeptic.comnndb.comcsicop.org…

    Lembremo-nos que foi essa razão totalmente estúpida (ser um óptimo divulgador) que fez com que Sagan não fosse aceite como membro da Academia Nacional de Ciências dos EUA, o que levou a sua 1ª mulher, Lynn Margulis, uma das maiores microbiólogas do século XX, a querer literalmente bater em vários cientistas.
    http://www.skeptic.com/reading_room/popular-and-pilloried/
    http://www.nndb.com/people/324/000022258/
    http://www.csicop.org/si/show/carl_sagans_life_and_legacy_as_scientist_teacher_and_skeptic

    A estupidez, a política, a mesquinhez, a inveja, existe em todo lado, mesmo naqueles que deviam ter um pensamento racional.
    Só foi pena os insultos e discussões acaloradas que a Lynn teve com alguns dos outros, não tivesse chegado a vias de facto.
    Alguns precisavam de ter visto o chão mais de perto… para saírem do alto dos seus pedestais de areia…

    😛 😉 😀

    • Ana Guerreiro Pereira on 09/03/2011 at 01:27
    • Responder

    Carlos, :D, acontece aos melhores dos melhores 🙂 afinal, somos humanos.

    Miguel, ora nem, mais! Totalmente de acordo 🙂

  2. Neste momento parece que está finalmente tudo em ordem com o post!

    Ana, eu penso que esse comentário que ouviu sobre o Carl Sagan tem uma explicação simples, mas sobre a qual eu discordo completamente. Existem muitos “puristas” da ciência que discordam da linguagem que Carl Sagan utiliza, na minha opinião porque não entendem que a divulgação científica para um público mais geral deve ser feita desta forma. Muitos deles, aliás, até desprezam a importância da divulgação científica. Numa conferência a que assisti há algum tempo sobre a história da divulgação científica, o conferencista alertou para este aspecto, chamando ainda a atenção para uma citação de Ian Stewart em que este diz que a ciência de certa forma perde o o sentido sem essa capacidade de divulgá-la, pois não vale a pena andar a inventar mais teoremas, se ninguém sabe/quer saber do que eles tratam. (Não consegui encontrar a citação exacta, mas foi mais ou menos isto que Ian Stewart escreveu).

  3. Afinal o Miguel não se esqueceu!!
    Eu é que me enganei!

    O que está a acontecer é um problema do próprio blog com alguns vídeos a colocar no blog…

    🙁

  4. Olá Ana,

    Tens razão. Faltava o vídeo.

    Penso que o Miguel se esqueceu de um dos últimos passos do chamado método científico 🙂
    Que passa por rever o nosso trabalho
    😛

    Eu incluí o vídeo.
    Penso (posso estar enganado) que o Miguel se referia a esta parte 😉

    Pode-se ver toda a excelente série Cosmos, aqui:
    http://www.astropt.org/2008/10/29/cosmos-de-carl-sagan/

    😀

    • Ana Guerreiro Pereira on 08/03/2011 at 18:56
    • Responder

    ps – onde está o video “prometido”? 🙂

    • Ana Guerreiro Pereira on 08/03/2011 at 18:36
    • Responder

    Já ouvi a afirmação de que carl sagan está para a ciência como paulo coelho para a literatura… 😀 mas, vindo de pessoas do meio (nerds 😛 :D).

    pessoalmente, discordo desta visão purista e que, no meu ver, não tem em conta a falta de bases dos leigos. Leigos esses que já várias vezes me demonstraram conhecer e adorar Sagan.

    sagan foi e será sempre genial, e nem a mais corriqueira observação, dita por ele, passará sem ooooohs de espanto. 🙂

    Tb gosto do Sheldon… :DDDDDDDDDD

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