O NOME DO CRUZEIRO
Iniciaremos nossa viagem à constelação-símbolo aprendendo como devemos chamá-la. O nome “Cruzeiro do Sul” é o modo em português de denominarmos esse grupo de estrelas. Portanto, todos os países que falam a Língua Portuguesa vão entender perfeitamente a que região da esfera celeste estamos nos referindo.
Agora, vamos supor que você vá viajar a um observatório da Austrália (onde se fala inglês) e peça para os astrônomos de lá lhe mostrarem a constelação. Como você se dirigiria a eles? Você pronunciaria “Cruzeiro do Sul”? Obviamente eles não entenderiam nada, você teria de saber que lá o Cruzeiro do Sul é chamado de “Southern Cross”. Você teria duas opções: aprender o nome das constelações em inglês (mas aí você teria que aprender o nome das constelações em outros idiomas cada vez que fosse viajar a países onde falam uma língua diferente da inglesa), ou verificar se as constelações possuem uma nomenclatura oficial, universal ou científica que valha para todos os cantos do planeta.
Para seu alívio existe sim uma nomenclatura. Segundo ela, o Cruzeiro do Sul é chamado de “Crux”, que significa cruz na língua latina. O uso do latim para denominar alguns astros não é exclusividade da Astronomia, a Biologia também utiliza o mesmo critério para dar nomes científicos a espécies animais e vegetais, por exemplo.
Chamando o Cruzeiro do Sul por seu nome oficial ou científico (Crux) fica mais fácil se comunicar com astrônomos de todos os lugares do mundo. Caso precisemos de algo relacionado à constelação, pode ser que um japonês, francês ou espanhol seja mais propício que alguém que fala a nossa língua.
Encerro aqui deixando para vocês um enigma. Preste atenção no Cruzeiro do Sul estampado na bandeira do Brasil acima. Agora preste atenção nas bandeiras de outros países que também estampam o Cruzeiro do Sul.
Há algo de errado na bandeira do Brasil, notou? Será que foi erro do desenhista ou esse erro foi proposital? Quem quiser arriscar algo deixe sua resposta nos comentários. Até a próxima!
29 comentários
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Realmente a representação das constelações na bandeira do Brasil denuncia a posição do observador, De forma similar mas menos evidente essa visão está presente na bandeira lusa através da esfera armilar. Segundo http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/d42.html
Esfera com anéis ou armilas utilizadas como representação do Universo. Nessas esferas a Terra ocupa a posição central, o que corresponde à visão ptolomaica do cosmos, e as armilas principais representam os meridianos celestes, na vertical, o equador, os trópicos e os círculos polares, na horizontal, e a banda do zodíaco, em diagonal. Em rigor, a banda do zodíaco deveria ser tangente aos dois círculos tropicais, estando pois inclinada 23 graus e meio em relação ao equador. No entanto, por ignorância ou por razões estéticas, essa banda aparece habitualmente traçada com uma inclinação muito maior. É também vulgar serem omitidos os círculos polares. A esfera armilar tornou-se um símbolo manuelino de poder marítimo, político e económico associado às navegações. Aparece ainda hoje em vários símbolos lusos, nomeadamente na bandeira nacional.
“…à Terra desce”. De onde vocês ouviram isto!? Algo desceu! Pois bem, desceu de onde!? Lá vai: o pavilhão auriverde estampa a data estelar na qual a República deitou sobre o único Império do Novo Continente ainda no séc XIX (não se esqueçam de que a República surgiu ´caída dos céus´ em 1889). Os positivistas designavam este evento por “providência divina”. O grande segredo: a data estelar denota o “céu profundo” (ops, mais uma expressão familiar!) de um espectro exterior daquele(s) que fez (fizeram) por enviar um projeto civilizatório à Terra (o Brasil República). Portanto, a data estelar gravada a buril no fronte do pavilhão auriverde determina as coordenas de um céu visto de cima (um planeta exterior) e não da superfície da Terra. Este projeto teria origem numa região da nossa galáxia por trás da constelação que forma o Cruzeiro. Mas não vai adiantar procurar por ele(s): as estrelas do firmamento testemunharam o passado. Agora nos cabe fazer o nosso futuro!
Só para completar, oficialmente se lê o seguinte:
A lei vigente que rege os Símbolos Nacionais explica, no Art. 3º, parágrafo único:
“Na Bandeira Nacional está representado, em lavor artístico, um aspecto do céu do Rio de Janeiro, com a Constelação do Cruzeiro do Sul no meridiano, idealizado como visto por um observador situado na vertical que contém o zênite daquela cidade, numa esfera exterior à que se vê na Bandeira”.
Isto explica porque o Cruzeiro do Sul aparece invertido na Bandeira, isto é, a estrela menor, que está no meio da constelação (Epsilon), foi deslocada para a esquerda quando, na realidade, ela é vista por nós, no céu, situada à direita.
Na verdade, como um bom brasileiro, a história não oficial era que na hora da composição da bandeira, quem fazia o desenho não tinha conhecimento de estronomia, e ao desenhar o cruzeiro desenhou-se na realidade a falsa cruz, porém, esta gafe não esta registrada oficialmente e inúmeras histórias são contadas apartir desta… 😛
a resposta foi dada aqui:
http://www.astropt.org/2011/05/14/cruzeiro-do-sul-iii/
🙂
e têm razão 🙂
“(…)o céu é representado considerando um hipotético observador fora da esfera celeste (tendo a Terra por centro), e não um observador na superfície de nosso planeta”: a hipótese que defendi .
Isso porque nessa bandeira o céu é representado considerando um hipotético observador fora da esfera celeste (tendo a Terra por centro), e não um observador na superfície de nosso planeta.
Outra curiosidade é que o Brasil no meio a tantas nações austrais (que também possuem bandeiras com Cruzeiro do Sul) é o único preocupado com a exatidão das horas nas estrelas inseridas sobre a esfera azul.
não estaria ligado à localização de Brasilia (capital brasileira). A posição de Brasilia foi escolhida para ser parecida com a estrela do meio do cruzeiro em relação à América Latina.
Não é coisa comum ver-se um globo celeste, tal como a representação do planeta Terra num globo terrestre.
O céu -por exemplo em planetário- aparece normalmente representado como uma calote côncava, em que o observador está no interior. Se a esfera celeste for representada puder ser vista do exterior considerando a Terra interior, então a posição das estrelas aparece invertida.
Será isto? Exemplo: http://www.jroma.pt/images/hu_f310.jpg
Pedro Félix
Excelente “planetário”.
Onde compro um assim: com a Terra, as constelações, e eu de fora a ver tudo como um deus? 😀
Querem-me tirar o emprego (de ser Deus)? 😛
ahahahhaah, não acredito que tb andas a espalhar isso por aqui. 😀 queres fundar uma seita? 🙂
(desculpa, Saulo, este comentário palerma foi para me meter com o Carlos, por um lado, e para testar a notificação de novos comentários, que está a dar problemas a alguns, como eu :D; desculpa.)
eu fui notificado deste comentário… também foste notificada deste? 🙂
bem, tendo em conta os comentários anteriores, se o observador estivesse fora da esfera celeste, então a constelação virá invertida 🙂 … tipo um espelho, em que o meu braço direito aparece como sendo o esquerdo 😉
Exato foi isso que eu disse, seria invertido da esquerda para a direita.
Os telescópios invertem a imagem de cima para baixo e da esquerda para a direita ou só uma delas? Se for este último caso, qual das inversões seria?:P
Abraço
acho que depende dos telescópios 🙂
http://www.astropt.org/2011/03/20/compilacao-de-varias-fotos-da-super-lua/comment-page-1/#comment-21753
😉
À estrela que deveria ficar em baixo do braço direito está no esquerdo, mas a constelação não está invertida, pois as outras estrelas estão na mesma posição que nas outras bandeira, agora o por que disto eu não sei. :
Penso que a constelação está invertida, mas não como você estaria provavelmente a pensar (cima-baixol), mas sim da esquerda para a direita.;)
Só uma pergunta, os telescópios invertem a imagem de cima para baixo e da esquerda para a direita ou só uma delas? Se for assim, qual?:P
Desde já obrigado pelo esclarecimento.
Abraço!
Se a imagem estivesse invertida, à estrela da esquerda não deveria estar mais próxima da “cabeça” da constelação? Já que em todas as bandeiras à estrela da direita está numa posição mais próxima da cabeça da Crux, numa imagem invertida, o lado esquerdo estaria mais próximo a “cabeça” da Crux, pois seria o da direita agora e o da direita estaria mais abaixo, pois seria o da esquerda.
Não sei se deu pra entender, mas é esse o meu raciocínio.
Se olhar para outras bandeiras do Brasil vai reparar que a imagem está realmente invertida, mas nesta imagem não parece.
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/05/Flag_of_Brazil.svg
esta imagem não é igual à de cima?
Se reparar nas estrelas β Cru e δ Cru, as imagens não são iguais e penso que a que está no link que mandei é que é a correta. 😛
Beta está mais longe?
Mas nesta foto, não está:
http://1.bp.blogspot.com/_-c5xNSKGJ0s/TA91_oExuUI/AAAAAAAABfE/Uv0CiIsUHr8/s1600/Cruzeiro+do+Sul.JPG
e agora? 😛
será isso, de estar mais longe?
Sim era disso que estava a falar. No entanto, penso que no link que mandei se encontra a bandeira oficial. 😛
Em qual bandeira acreditamos ser a verdadeira?
Será que o Saulo nos andou a enganar? 🙂
De qualquer forma a imagem que o Nuno trouxe é a unica que dá certo quando se inverte. Se você inverter essa Carlos, vai achar uma constelação que não é à Crux, pode parecer, mas não vai ser.
A crux na bandeira do Brasil parece estar invertida, mas não sei se é isso.
Provavelmente, foi para representar outro tipo de vista que não fosse a de um observador na Terra, por exemplo, a de um hipotético E.T. ahah 🙂
Já estou a divagar e a fazer especulações 😛
Abraço e fico à espera da resolução do enigma. 😀
Acho que já descobri, através do Wikipédia, está na segunda metado do parágrafo:
“Ainda hoje, não foi expedido decreto que defina oficialmente os significados de cada cor e forma, sendo contudo extremamente popular a interpretação de que o verde representa as florestas, o amarelo, os minérios, e o azul, o céu, ao ponto que a hipótese heráldica é virtualmente desconhecida do grande público. As estrelas, que representam os Estados que formam a União, e a faixa branca estão de acordo, respectivamente, com os astros e o azimute no céu carioca na manhã de 15 de novembro de 1889, às 8h30 (doze horas siderais), e devem ser consideradas como vistas por um observador situado fora da esfera celeste.”
[…] 42 – Constelações: oficiais. Diferentes. Bandeiras. […]