Kepler e Spitzer Confirmam Segundo Planeta em Torno de Kepler-10

No passado mês de Janeiro demos conta da descoberta do primeiro planeta telúrico pela equipa da missão Kepler, o Kepler-10b. Podem ver essa notícia aqui. Para além do sinal do Kepler-10b, na altura foi também detectado um sinal com uma periodicidade de 45 dias que se conjecturou pertencer a outro planeta no sistema. Hoje, a equipa da missão Kepler anunciou a confirmação deste segundo planeta, o Kepler-10c. O anúncio foi feito no segundo dia do 218º encontro da American Astronomical Society, a decorrer em Boston, nos Estados Unidos.

Kepler-10 é uma estrela de tipo espectral G situada a cerca de 560 anos-luz. O Kepler-10b, o planeta mais interior, tem um raio de apenas 1.4 vezes o da Terra e uma massa de 4.6 vezes a da Terra. Orbita a estrela hospedeira em apenas 0.8 dias ! O novo planeta, o Kepler-10c, tem um raio de 2.2 vezes o da Terra, mas a sua massa exacta ainda está por determinar com precisão. Parece, no entanto, que se trata de mais um planeta do tipo terrestre.

A confirmação do Kepler-10c envolveu a combinação de observações do Kepler, simulações sofisticadas com um software designado de BLENDER e observações realizadas pelo telescópio Spitzer. O software BLENDER permite simular o efeito de sistemas binários com eclipses que podem encontrar-se na linha de visão de uma estrela. Se a luz de um destes sistemas chegar até nós misturada com a da estrela, os eclipses do sistema binário podem parecer-nos trânsitos de um planeta. A este fenómeno chama-se um “blend”.


(Os eclipses de um sistema binário cuja luz esteja misturada com a de uma estrela podem parecer-nos trânsitos de um planeta. Crédito: missão Kepler)

Combinando as observações do Kepler com simulações realizadas com o BLENDER é possível demonstrar que os efeitos observados na curva de luz da Kepler-10 com periodicidade de 45 dias não podem ser devidos a “blends”. Uma confirmação independente surgiu de observações no infravermelho com o telescópio Spitzer que permitiram detectar um trânsito semelhante ao observado pelo Kepler. O facto dos sinais serem semelhantes no visível (Kepler) e no infravermelho (Spitzer) implica que não pode ter origem num “blend”. A equipa conseguiu assim confirmar o Kepler-10c com 99.998% de certeza nos resultados.

Podem ver a notícia em inglês aqui.

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