Galileu
Não o Galileu astrónomo, mas o sistema de navegação europeu que vai lançar no próximo dia 20 de Outubro os seus dois primeiros satélites operacionais. E a Europa está a fazer questão de divulgar com pompa e circunstância este lançamento.
Para quem não pode estar em Bruxelas com o Durão Barroso para assistir ao lançamento, poderá fazê-lo aqui.
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Vera Gomes
- Licenciada em Relações Internacionais,
- Pós-Graduada em Relações Internacionais: Segurança e Defesa;
- Mestre em Ciência Política e Relações Internacionais com a tese: "A influência da exploração espacial na politica internacional".
- Frequentou o Exceutive Space Course na International Space University.
- Participou em várias reuniões internacionais na área de Política Espacial
- Apresentou vários artigos em Congressos Internacionais relacionados com a História de Portugal no Espaço no século XX
- Escreveu artigos de opinião na área de politica espacial para jornais e revistas portuguesas
- Participou em diversos programas televisivos sobre política espacial.
- Mantêm o Blog Astropolitica,
7 comentários
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Sim, é um sistema com bastante semelhanças, e que assume ser rival do GPS dos EUA.
Foi tema de aceso debate em 2005 na The Open University com argumentos bastante interessantes tanto a favor como contra. E até surgiu uma terceira linha de argumentação.
Contra:
-Foi dos projectos menos disciplinados em termos orçamentais, comparado à PAC (Política Agrícola Comum, cujos detractores consideram ser uma das principais – hoje – causas da fome no mundo) tendo quase duplicado a estimativa orçamental inicial – de 3.6 mil milhões de euros exigiu logo em 2005 mais dois mil milhões de euros.
-É uma forma escondida dalgumas grandes empresas industriais – a saber a EADS, a Thales e a Alcatel-Lucent de França, a Finmeccanica de Itália, de Espanha a AENA e a Hispasat (o satélite que serve a TV em Portugal) , do Reino Unido a Inmarsat e ainda o grupo alemão liderado pela Deutsche Telekom – de sacarem subsídios da UE.
-As vantagens tecnológicas anunciadas, que se resumem apenas à questão da capacidade de resolução (precisão) do sistema foram entretanto obtidas pela actualização do sistema GPS.
-As aplicações comerciais nunca poderão sustentar as operações, sendo que os custos do projecto iniciais serão sempre do contribuinte.
-O apoio político da China, uma ditadura em que é praticado o capitalismo selvagem, é caso para preocupação e não para celebração.
-É, em suma, um projecto populista, inútil, gastador e desnecessário. Os detractores não hesitaram em utilizar palavras mais duras como “folclore político,” enquanto nem sequer se soube, durante muito tempo, quem eram os administradores do projecto, quem era sequer o presidente do conselho de administração, quem eram, em suam, os responsáveis.
-95% das aplicações do GPS são para uso civil.
-Ceia poucos empregos na Europa, sendo que essencialmente aumenta o poder político-industrial de empresas do sector militar (de defesa).
—-
A favor:
-O projecto vai criar empregos de qualidade na Europa, sendo que o estudo do consultor Price Waterhouse, datado de 2001, indica uma razão de benefício-custo de 4,6:1.
-O Galileo é de acesso grátis (o sistema, não as plataformas de Hardware, tal como o GPS) e a sua precisão é na ordem de grandeza do metro, podendo, no acesso pago, ir à ordem de grandeza do centímetro.
-O Galileo dá independência política e tecnológica à Europa, e aprofunda este relacionamento com parceiros como a China, a União Indiana, a Ucrânia, a Turquia e Israel.
– Os EUA, por razões militares ou meramente por capricho, podem desligar o GPS a seu bel-prazer.
-Pode-se controlar melhor as aplicações do orçamento da CAP. O orçamento do Galileo é muito mais pequeno.
-As PME’s europeias do sector das tecnologias têm uma plataforma comum para criarem mais uma biosfera de software e de hardware para sustentarem a sua viabilidade económica.
—
A Terceira via:
Os argumentos de ambas as partes carecem dum mínimo de verificação, sendo todos baseados nas edições, de qualidade, da secção de tecnologias da prestigiada revista The Economist, cujo trabalho de qualidade deverá ser confirmado, ou não, por outras fontes. A União Europeia, neste particular, tem falhado numa política de comunicação e de debate público, apresentando os projectos como facto consumado. Os argumentos de ambas as partes, por estas 2 razões objectivas, são insuficientes para se concluir contra ou a favor, ou até mesmo para se atribuir uma factor de ponderação credível. Os argumento de ambas as partes são muito idênticos e reflectem opiniões políticas pessoais e não reflectem estudos económicos, ou tecnológicos, minimamente actualizados. Perante a fragilidade de ambas as partes, sugere-se à União Europeia que promova uma política de debate muito mais activa entre os seus cidadãos e as a suas instituições. E sugere-se a ambas as partes que sejam mais objectivas em debates futuros sobre o tema da próxima geração de sistemas globais de determinação da posição por satélite.
—
Subscrevi (enfim, até liderei) a Terceira Via, e o comentário da Maria Evangelina Silva é uma crítica justa à falta de dados e de comunicação deste grande projecto.
Na páginas em Português da UE a notícia mais recente que encontrei (pode ter sido falha minha, sublinho) data de 2007. No final há uma hiper-ligação para mais dados, mas essa sub-página deu-me como “não existente.”
http://europa.eu/rapid/pressReleasesAction.do?reference=IP/07/1358&format=HTML&aged=0&language=PT&guiLanguage=en
Author
Olá Manel Rosa!
Concordo perfeitamente quando menciona e reforça a questão de falta de comunicação sobre o projecto. Aqui há uns anos andei desesperada para encontrar os termos do acordo feito entre europeus e americanos quando a Europa decidiu avançar com este projecto.
Quando à versão em português… bom, pela minha experiência quer no site Europa quer no site da ESA está muito desfasado no tempo com os acontecimentos!
E um à parte…. Verdade seja dita que a própria comunicação em Portugal sobre esta área (pelo menos a oficial) também deixa muito a desejar….
Saudações astropoliticas
VG
Author
Exactamente como Carlos citou. O GPS foi desenvolvido pelos americanos ainda durante a Guerra Fria e só no início da década de 80 foi disponibilizado ao mundo civil, embora, de forma limitada. O Galileu é a versão europeia do GPS que durante a sua implementação já teve alguns contratempos. Isto porque o Galileu é (e agora estão muito em voga) uma parceria público-privada a nível europeu e nem sempre o entendimento sobre o financiamento e as contrapartidas foram consensuais. Depois de terem lançado há uns anos uns satélites experimentais, agora sim, o Galileu irá avançar com o lançamento dos primeiros satélites operacionais. Em relação ao GPS traz inúmeras vantagens para além da mais óbvia: fim da dependência dos europeus em relação aos americanos. Um outro ponto é que o Galileu foi concebido maioritariamente para fins civis e portanto não se coloca os constrangimentos de uso de sinal que até agora se coloca com o GPS. Pode ler mais sobre este assunto nestes links: http://astropolitica.blogs.sapo.pt/39658.html ; http://astropolitica.blogs.sapo.pt/29427.html ; http://astropolitica.blogs.sapo.pt/57781.html ; http://astropolitica.blogs.sapo.pt/64416.html
Espero que tenha ajudado Maria : )
Saudações astropoliticas
VG
…pompa…
Obrigado 🙂
Já corrigi 😉
Até já pensava que tinham abandonado este projeto….tem a ver com sistemas de “navegação” tipo gps, não é?
Não nos quer dar umas pistas sobre este Galileo?
Obrigada
Segundo o Marco Filipe 🙂
“É um sistema que vai desempenhar as mesmas funções do GPS, mas que garante a independência da Europa em relação ao GPS, que é americano e operado por militares.”