Quero Saber – extraterrestres

A edição de Janeiro de 2012 – já nas bancas – da revista Quero Saber, convém vários motivos de interesse para quem se interessa por astronomia e astrobiologia.

Na capa aparece um “extraterrestre cinzento”, mas não se assustem. Pode parecer que a revista irá ter vários artigos pseudos, mas a verdade é que lá dentro os artigos são sustentados pelo conhecimento científico e não por mitos.

Não gostei do editorial da directora desta revista.
Segundo ela, OU existem seres inteligentes lançadores de sinais rádio OU então não existe vida.
Esta é uma dicotomia que não faz sentido, já que a grande maioria dos cientistas, astrobiólogos, acreditam na existência de vida extraterrestre… que será vida simples, como nos mostram as evidências científicas na Terra.
Ou seja, o editorial excluiu precisamente a secção mais importante e mais científica da astrobiologia.

Curiosamente, ao lado do Editorial, está o conselho científico da revista, que inclui um astrónomo, um químico, um físico, e uma bióloga. OU ninguém notou o erro do editorial OU então não lhes foi pedida uma revisão do texto.

Nas páginas seguintes aparecem uma grande imagem do rover Curiosity e uma foto à Lua feita pelo nosso colaborador Miguel Claro.

Na página 28 começam os artigos realmente interessantes sobre esta temática: radio-telescópios, equação de Drake, exoplanetas, SETI, Arecibo, Marte, Europa, Encélado, Titã, etc.

Na página 29, fiquei com 2 dúvidas de português:
– escreveram: “planetas extrassolares”. Nunca tinha visto escrito “extrassolares”. Esta forma é correcta?
– chamam à “Goldilocks Zone” de “Caracóis de Ouro”. Eu percebo a tradução literal, mas sinceramente penso que não faz qualquer sentido porem essa tradução literal em português.

Na página 31 está uma boa entrevista ao conhecido Phil Plait, em que, curiosamente, ele diz precisamente que se encontrarmos vida extraterrestre, ela será provavelmente simples.

Na página 32, fala do ponto de exclamação cósmico.

Na página 33, explicam a missão JUNO a Júpiter, e os halos solares.

Na página 34, falam de colisões entre asteróides e na página seguinte apontam algumas diferenças entre cometas e asteróides.

Na página 36, fala-se dos planetas do nosso sistema solar, como se define planeta, e como se formam os planetas (p. 37).
A página 38 é dedicada a planetas extrasolares. Dão alguns exemplos de exoplanetas nos extremos: o maior, o mais quente, etc. Um facto curioso é lá dizer que o exoplaneta mais pequeno conhecido é o Kepler-10b, mas já não é, o que expõe a velocidade das descobertas na astronomia. Aliás, a bem da verdade, o exoplaneta PSR B1257+12A é que é o planeta mais pequeno de sempre, e já é conhecido desde 1994. O problema é que este está em órbita de um pulsar, e o Kepler-20e é o mais pequeno a orbitar uma estrela similar ao Sol.
Um erro na página 39 é, dando o exemplo do sistema de Gliese 581, dizerem que a letra no final do nome dos planetas se deve à ordem dos planetas em termos de distância à estrela. Ora, isto não é verdade. A verdade é que a última letra nos nomes se deve à ordem de descoberta do planeta. O 1º planeta a ser descoberto em volta de uma estrela, recebe o nome da estrela seguido de “b”. O 2º planeta a ser descoberto recebe o nome da estrela seguido de “c”. E assim sucessivamente… Este erro é tão “banal”, ou seja, tão facilmente detectável, que novamente me pergunto o que se passou para o conselho científico ter deixado passar isto.
A página 39 é a última sobre assuntos astronómicos, e dá-nos os tipos de planetas: terrestre, gigantes gasosos, e planetas-anão.

Na página 96 aparecem algumas opiniões/críticas dos leitores, entre elas de um dos nossos leitores que também costuma comentar por aqui: Nuno Almeida. 😉

Concluindo: penso que não conhecia a revista, talvez porque já saí de Portugal há mais de 10 anos, mas pareceu-me uma revista muito gira e interessante. Em relação a esta edição, achei-a bastante interessante e apelativa, sobretudo nos temas que nos dizem respeito. Daí que a recomendo.