Uma equipa de astrónomos, maioritariamente do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) detetou uma zona com um grande aglomerado de jatos, que indicam um local de intensa formação estelar. O local observado fica na direção da constelação do Cisne, próximo da estrela Deneb.
As estrelas nascem em grandes aglomerados de gás e poeira, também conhecidos por nebulosas moleculares. Quando o gás se começa a contrair por efeito da gravidade, nasce uma nova estrela. No entanto, pouco depois de se acenderem, estas estrelas jovens (ou protoestrelas) estão ainda escondidas pelo gás e poeira da nebulosa que lhes deu origem.
Mas as protoestrelas continuam ainda a atrair material do disco que sobrou em sua volta. Ao interagir com os fortes campos magnéticos da estrela, a matéria do disco pode ser acelerada até velocidades supersónicas, e acaba por ser ejetada pelos polos.
As violentas ondas de choque destes jatos bipolares (são emitidos a partir de ambos os polos) com o meio interestelar acabam por comprimir o gás que o compõe, formando moléculas de hidrogénio, que brilham intensamente na banda do infravermelho. Estes jatos bipolares são por isso autênticos faróis que assinalam a presença de estrelas recém-nascidas.
Na banda do infravermelho, é possível ainda observar “através” das zonas escuras, para ver as estrelas recém-formadas. E com observações levadas a cabo pelo telescópio espacial Spitzer (NASA) e pelo telescópio Zeiss de 3,5 metros (Calar Alto), os astrónomos do CAUP detetaram um imenso aglomerado de jatos e respetivas protoestrelas.
Jorge Grave, um dos investigadores do CAUP envolvidos nesta investigação, comentou: “O que torna esta imagem especial é o facto de nela vermos uma concentração de dezenas de jatos numa região relativamente reduzida. Como os jatos são característicos de uma etapa do processo de formação estelar, podemos inferir que todas as estrelas responsáveis pela libertação desses jatos estão no mesmo estágio de evolução e provavelmente ter-se-ão formado simultaneamente.”
Para obter esta imagem foi necessário capturar toda a enorme nebulosa, o que resultou em várias centenas de imagens. Estas foram depois analisadas individualmente pela equipa, até finalmente chegarem a uma imagem de pormenor, onde os jatos aparecem a verde, enquanto as protoestrelas aparecem a vermelho.
Esta imagem é uma composição de 3 filtros, obtidos na banda K (Azul) e H2 (verde) pelo telescópio Zeiss de 3,5 metros do observatório de Calar Alto, e em 8 microns (vermelho) pelo telescópio espacial Spitzer (NASA). Na imagem vêem-se os jatos (a verde) e protoestrelas (a vermelho), na nebulosa molecular na direção da constelação do Cisne.
Este texto é uma reprodução do comunicado de imprensa do CAUP.
8 comentários
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Nao tem nada a ver com a constelação de cisne!
“O local observado fica na direção da constelação do Cisne, próximo da estrela Deneb.”
Na direcção dessa constelação… mas nada tem a ver com a constelação em si, claro 😉
Nebulosas são o máximo. Complexos de formação estelar são ainda mais incríveis e radiantes. Fico imaginando quantas massas solares se aninham nestas regiões.
Magnífico este estudo. São essas regiões que chamam de H2?
Off-topic
Carlos, poderia ler esta notícia?
http://www.tecmundo.com.br/nasa/17655-seti-detecta-possivel-transmissao-alienigena-de-radiofrequencia.htm#ixzz1jSqMruSJ
Procede ou não procede?
Abraços.
Apesar do título, estes ruídos são “normais”… e têm sido sempre provenientes de fontes naturais e/ou terrestres 😉
Não quer dizer que no futuro não possa haver algo artificial extraterrestre, mas duvido que seja de uma civilização que transmita da nossa forma, o que assume que estaria no mesmo estágio de desenvolvimento do nosso… com uma “range” de 100 anos em 13 mil milhões de anos 😉
Por isso é que a notícia diz que estes ruídos são geralmente nossos… pudera 😛
abraços 🙂
Já agora, só para complementar: de uma conversa que tive com a Jill Tarter, o SETI tem normalmente, a todos os momentos, cerca de 4 sinais “estranhos”… mas após estudar esses sinais, a fonte é sempre terrestre ou extraterrestre natural.
Só muito raramente existem sinais que após estudá-los, não se sabe mesmo a origem deles… como o sinal WOW por exemplo. Isso acontece porque não são repetíveis, e sem repetição não pode haver confirmação e estudo aprofundado.
(as nossas mensagens para o espaço sofrem do mesmo problema… como a de Arecibo… são enviadas uma vez e não existe repetição. Assumindo que alguém as detecta, não as pode confirmar como artificiais)
De qualquer modo, só quero realçar que esta notícia pode ser sempre dada todos os dias, porque todos os dias há sinais desconhecidos… que após investigação serão explicados… e no entretanto outros sinais irão estar nesse mesmo processo. 😉
abraços
Obrigado, Carlos.
Abraços
😉