Numa conversa com um amigo comecei a divagar sobre o que acho, em geral, das informações pseudo que andam por aí.
Podemos reparar que os pseudo por um lado usam conceitos científicos para vender e por outro denigrem a ciência, também, para vender. Parece um paradoxo? Sim, parece. Vejamos:
1 – Usam termos científicos referindo-se à pseudociência ou lá o que queiram vender, sejam águas milagrosas ou leitura de velas. Eles dão a imagem de seriedade ao usar chavões científicos, o que parece tornar o produto interessante, de difícil entendimento e sério. O vendedor passa a ser instruído e inteligente (coisa que, como sabemos, não é). Um leigo que ouve falar em fluxo de electrões e em quântica, não só não irá compreender como irá apostar nesse tratamento ou produto por não perceber nada do que é dito. Contudo parece algo inteligente. É como dizer que um jornal é hebdomadário em vez de dizer que é semanal mas num contexto errado, como por exemplo que uma almofada faz bem às costas pois é hebdomadária. Para um leigo (leigo por opção, entenda-se) é a almofada perfeita porque não sabe o que ouviu. Não teve qualquer pensamento crítico.
Uma pessoa não é obrigada a perceber de física para descobrir que a pulseira quântica do equilíbrio é uma fraude. Há sempre alguém que pode esclarecer. Por isso é que cá estamos!
2 – Os pseudo, por outro lado, desacreditam a ciência usando os chavões científicos fora do contexto. Enquanto que no primeiro ponto tiravam termos científicos do contexto para vender o que não é, neste segundo ponto tentam denegrir a ciência com os mesmo chavões e, também fora do contexto, mas com um tom amedrontamento (experimentem dizer que a sopa é boa a sorrir e depois a mesma frase com um tom sombrio).
Estes dois pontos podem funcionar de forma isolada ou mesmo em conjunto. Quando usados na venda da mesma ideia pseudo torna-se bastante engraçado. Ora reparem:
“Não se vacinem pois, quando se vacinarem, a seringa possui uma emulsão de compostos radioactivos que provocam um fluxo quântico inverso pelo corpo. Isto faz com que fiquemos doentes mais vezes e compremos mais medicamentos.” Contudo, “inventei uma vacina natural e pura de neutrões negativos que contrariam o fluxo inverso das doenças causadas pelos medicamentos químicos letais das farmacêuticas.”
Um exemplo magnífico do amedrontamento de leigos e que ficou marcado na minha memória é aquele que foi trazido ao AstroPT pelo Carlos Oliveira. Refiro-me ao perigosíssimo Monóxido de Di-hidrogénio (DHMO na sigla em inglês), que é a mesma coisa que a vital… água. Leiam este espectacular post!
2 comentários
“Todos sabemos como a mecânica quântica tem sido fonte inspiradora para a piração dos pirados…(desculpem-me a redundância).”
LOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
😛
““Certa vez Feynmann disse: ‘ A ciência é a imaginação em uma camisa de força ‘. É irônico que, no caso da mecânica quântica, as pessoas sem camisa de força sejam geralmente malucas.”
LOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
Brilhante, Jonas.
😉
Todos sabemos como a mecânica quântica tem sido fonte inspiradora para a piração dos pirados…(desculpem-me a redundância).
Na edição da Scientific American Brasil de outubro de 2010, disponível gratuitamente no app “O Jornaleiro” para iPad e Android, Lawrence Krauss, físico teórico, escreve um artigo sobre um problema: “escrever sobre ciência e sociedade atrai reações positivas e negativas, de todos os lados”, finalizando o artigo citando a salada de frutas que pseudos fazem usando a mecânica quântica para explicarem suas fraudes. Cita Deepak Chopra, o livro “O Segredo”, etc…Eu sugiro que quem puder leia, leia…
E aqui vai uma “palhinha”, no final escreve algo que conclui com chave de ouro o artigo…
“Certa vez Feynmann disse: ‘ A ciência é a imaginação em uma camisa de força ‘. É irônico que, no caso da mecânica quântica, as pessoas sem camisa de força sejam geralmente malucas.”