Professora motivada

O discurso é muito bom, e vê-se a paixão que ela tem por um excelente ensino.

Penso ser óbvio que turmas pequenas são melhores para ensinar, penso que o discurso dos sindicatos não é o melhor, parece-me que o ensino de pedagogias não chega, o ministério deve ouvir os professores, e é óbvio que a autoridade do professor perdeu-se na sociedade em geral e na sala de aula em particular o que é muito grave e é um sintoma péssimo da sociedade em que vivemos (provavelmente este estado de espírito tem até a ver com a falta de educação que existe ao se lidar com a internet, em que se entra em qualquer local (site), como o astroPT, e se fala com os professores como se fossem amigos do café ou pior).
Penso assim que esta professora esteve muito bem!

Mas não concordo com tudo. Por exemplo:
– não concordo com o discurso de quanto mais pequenas as turmas melhor, porque no limite então chega-se ao ponto de ensinar para um aluno somente, perdendo-se a parte social, que é muito importante numa escola e numa sala de aulas. Ou seja, tem que haver um número ideal. Qual é ele? Não sei. Pela minha experiência, diria por volta de 16.
– se concordo que saber o conteúdo da disciplina é muito importante (o mais importante), não concordo nada que o ensino da pedagogia seja um desperdício de modo a só se ter um ano disso. Deve haver um balanço no ensino entre uma coisa e outra. Porque senão, vê-se professores, como fui conhecendo a nível universitário (o nível que tenho mais conhecimento), que são uma nulidade no ensino – e não é porque gostem de o ser, porque até já tive professores a vir ter comigo a perguntarem-me como deveriam mudar as suas aulas para as tornarem menos aborrecidas, só que não sabem precisamente porque não têm a parte pedagógica. Nesse aspecto, não achei correcto ela dizer que não admite que uma pessoa de outra área lhe venha ensinar como ela deve leccionar, porque há pedagogias transversais, e há aspectos de outras áreas que nos podem ensinar como devemos fazer melhor na nossa área (a professora usou a frase “ela tem que me ouvir”, o que concordo inteiramente, mas só afirmo que tem que haver essa audição de ambos os lados, e não só de um). Ou seja, concordo que se tem que ouvir os professores, obviamente, porque eles é que estão no “terreno” e eles é que sabem melhor o que se passa, mas não se pode ignorar tudo o resto.

Em geral, concordo com este discurso “sem papas na língua” e a colocar os “pontos nos iiis”:
– os professores são mal-tratados.
– os professores têm que ser ouvidos.
– os alunos entram na escola ávidos por saber, ávidos pelo conhecimento, e muitas vezes essa curiosidade é castrada nas escolas (para usar uma palavra utilizada pela Eleanor Duckworth, que é pedagoga, educadora, e professora).

7 comentários

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  1. Só hoje vi este post, que já me tinha apercebido que seria interessante 🙂

    Pois, há dias, alguém usou o argumento de que turmas maiores são melhores porque há mais competição.
    Quando se está a comprar turmas de 20 ou 30 alunos (em valores médios), este argumento da competição parece-me absurdo.
    Com 20 alunos há muito “espaço” para competir. E com 30 alunos há muito pouco “espaço” para ensinar com qualidade.

    Eu não tenho experiência lectiva formal, mas a experiência informal na condução de grupos em actividades educativas diz-me que há uma diferença brutal em lidar com um grupo de 25 ou de 30 alunos. Esses cinco “apenas” de diferença pode ser o desastre total para a obtenção dos objectivos desejados.

    Estando agora mais associada ao ensino, ainda que de um modo “paralelo” e de “back office”, pelas vozes que vou ouvindo por parte dos professores, parece-me que a senhora tem razão para se sentir desesperada.
    Eu acho muito bem que se usem as pedagogias adequadas, mas o professor tem necessariamente que transmitir conhecimento. E para isso, tem que ter esse conhecimento!

    Mas sim, devemos “beber” de outras áreas para melhorar a nossa própria área de especialização 😉

  2. Comentários interessantes no nosso Facebook:
    http://www.facebook.com/astropt/posts/289812801098658

  3. Concordo: 15-16 é o número ideal de alunos numa turma. No máximo 20. Nenhuma turma devia ter mais q 20 alunos, pois se já com 15 é dificil dar atenção individual a todos (porque facilita e faculta, uma vez q se atende tb às necessidades individuais), imagine-se com mais……

    Mas estamos mais do que habituados a saber q o que interessa é a burocracia e o dinheiro. O ensino em si…esqueçam. 😛 Eqto isto não mudar, eqto a mentalidade capitalista e burocrática não mudar, não há ensino que sobreviva a não ser com uma dose mto grande de amor à camisola.

    1. Estou saindo do ramo do ensino por uma série de fatores. E concordo tanto com o Carlos quanto com a Ana: 1) A parte pedagógica deveria ter mais valor – afim de estimular mais jovens ao ensino (somando-se à remunerações melhores); e 2) Turmas, com no máximo 20 alunos, é a maneira mais otimizada da interface: dinâmica de aula/quantidade de alunos.

      Acrescento, sem demagogias: se nós, professores, ajudamos alunos do ensino secundário no seu caminho para o ensino superior e formamos engenheiros, médicos, juízes, odontólogos, etc, por quê ganhamos bem menos que estes?

      Penso que a carreira de professor deveria ser a mais remunerada.

      🙁

  4. Já agora, alguém sabe o nome desta professora? 😉

    Não me parece correcto alguém ter um discurso tão bom e ficar anónima 😉

      • Paulo Sanches on 20/04/2012 at 00:22
      • Responder

      Carlos,

      A professora chama-se Maria do Carmo Vieira (minuto 4:46).

      E concordo também com muitos dos pontos referidos.

      Ab

      1. Tens toda a razão.

        Nem tinha reparado 🙁

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