Achei este artigo muito interessante, para quiçá no futuro conseguirmos criar protecções para os Humanos se defenderem de colisões com objectos muito mais massivos (e pesados).
“Coloque-se uns quantos mosquitos à chuva. O que acontece? Algumas gotas, verdadeiras bombas de água para estes insectos, acertam em cheio no seu pequeno corpo; outras passam-lhes de raspão. (…)
Mas, mesmo que o choque os faça perder altitude ou ficar de patas para o ar, quase sempre recuperam. Porquê? Porque são extremamente leves em comparação com as gotas de chuva. Foi esta a conclusão a que chegou agora uma equipa de biólogos e engenheiros, num estudo publicado na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences. (…)
É preciso salientar que cada gota de chuva pesa cerca de 50 vezes mais do que um mosquito. E que, quando uma gota colide com o insecto, fá-lo com uma aceleração que pode chegar a ser 300 vezes superior à aceleração da gravidade. A título comparativo, o corpo humano não resiste a acelerações superiores a 25 vezes a da gravidade, ou 25 g – e, mesmo durante as descolagens dos vaivéns da NASA, os “3 g” sentidos pelos astronautas já eram bastante desagradáveis. Dito de outra forma, o impacto da gota de chuva sobre o mosquito é equivalente ao de um autocarro a esmagar uma pessoa.
E no entanto, o mosquito parece quase imune aos embates. Quando uma gota o atinge (a maior parte das vezes nas patas ou nas asas), dá por vezes umas cambalhotas no ar ou fica desequilibrado por uns instantes. Pode mesmo perder altitude ou ser arrastado até se libertar do bólide líquido. Mas desde que não esteja a voar muito baixo aquando do choque, situação altamente desfavorável que o pode levar a esmagar-se contra o chão ou a morrer afogado numa poça de água, acaba sempre por fazer uma manobra de recuperação.
Os autores explicam que, como os mosquitos são tão leves (pesam dois miligramas), o acontece é que as gotas de água que colidem com eles, e que pesam em média 100 miligramas, quase não “sentem” o choque. E como perdem, portanto, pouca velocidade na colisão (entre 2% e 17%, segundo os seus cálculos), as gotas quase não transmitem força de impacto aos mosquito. Mesmo quando os apanham em cheio. A seguir às experiências com mosquitos, a equipa confirmou esses resultados com bolinhas de esferovite de vários pesos e tamanhos. (…)”
Leiam o artigo completo, no Público, aqui.
Leiam também no Ciência Hoje, USA Today, e Science Daily.
Vejam várias fotos, aqui.
Leiam na Nature, aqui.
6 comentários
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Adorei o post!
o título do público é enganador. os mosquitos não “fazem” nada para sobreviver à chuva: não possuem nenhuma estratégia de fuga aos pingos (nem que seja abrigarem-se num beiral), nem executam piruetas mirabolantes que ponham em causa a aerodinâmica para escapar aos choques inevitáveis. limitam-se a ser mosquitos, e a sobreviver graças à evolução, que os fez ter a minúscula massa e a maleabilidade do corpo que ostentam.
“A mosquito’s strong exoskeleton and low mass renders it impervious to falling drops”
Abstract na PNAS
(Não tenho acesso ao texto completo)
Segundo o abstract, não é só o peso que importa, são também outras características anatómicas do animal.
Parece que este post agrada aos Paulos!
Muito bom, concordo!
O ‘g’ é minúsculo, está certo! Mas eu é que leio sempre “aceleração de 25 gramas”.. e depois é que volto atrás.. Não dá para meter o ‘g’ em itálico ou fazer alguma gigajoga para não confundir “gês” com “grama”?
Entretanto não consegui encontrar muita informação sobre os testes com esferovite confirmarem a mesma coisa que com o mosquito.. A dúvida que tenho com isto é qual o tamanho de uma “esfera de esferovite que pese o mesmo que um mosquito”? Será que a forma (tamanho) de uma esfera de esferovite é tão parecida com um mosquito comparada à gota de água? É que se eu arranjar um paralelipípedo de esferovite que tenha 10×10 mm de largura e a altura necessário para que pese o mesmo que um mosquito, se uma gota de 5mm de diâmetro lhe cai em cima, o comportamento do esferovite será totalmente diferente do do moesquito! É só por isto que eu não gosto do argumento de “ah, nós confirmámos isto com esferovite”.
Eu não acho que o “segredo” esteja no peso, mas sim na forma deformável de um mosquito cheio de micro-pêlos anti-aderentes e anti-absorventes, e na forma disforme e líquida de um líquido auto-segurado por uma tensão superficial… Eles podiam ter experimentado com chuva de azeite, chuva de álcool etílico, ou chuva de mercúrio… É incomum encontrar chuva de vodka na Terra, ou chuva de azeitona-espremida em qualquer planeta do Sistema Solar, mas se a conclusão é que é a diferença de pesos a responsável pela sobrevivência do mosquito, nenhum destes outros líquidos deveria fazer a diferença, certo?
E se eu disparasse uma azeitona a 9 m/s directa à tola de um mosquito? Não deveria ele sobreviver por extrapolação das mesmas conclusões? Se calhar até sobrevive, mas vai parar mais longe..:)
Excelente Post. 🙂