Enquanto o Curiosity assinala os seus primeiros 100 metros no interior da cratera Gale, o venerável Opportunity continua a sua épica jornada no outro hemisfério do planeta vermelho. Na semana passada, o veterano robot da NASA ultrapassou a marca dos 35 km, encontrando-se neste momento a explorar o flanco leste do cabo York, na cratera Endeavour. Nos últimos dias, o Oppy rodou em direcção a um curioso afloramento que se destaca na paisagem pelas suas diferentes cores e texturas.
Afloramento de rochas no flanco leste do cabo York. Mosaico em cores aproximadamente naturais construído com imagens obtidas pelo robot Opportunity a 02 de Setembro de 2012.
Crédito: NASA/JPL/USGS/Stuart Atkinson.
O mosaico de cima parece mostrar um conjunto de rochas vulgares alinhadas sobre a superfície. Novas imagens obtidas ontem pelo Microscopic Imager revelam, no entanto, pormenores surpreendentes na face de uma destas rochas que as tornam tudo menos vulgares. Vejam em baixo:
A face de uma das rochas do afloramento num mosaico de quatro imagens obtidas a 06 de Setembro de 2012 pelo Microscopic Imager do Opportunity.
Crédito: NASA/JPL/USGS/Stuart Atkinson.
O que são estas bizarras estruturas esféricas embebidas na rocha?
Aparentemente, são concreções de tamanho idêntico aos “mirtilos”, inclusões de hematite descobertas pelo Oppy em algumas rochas encontradas durante a sua longa travessia por Meridiani Planum. No entanto, como nos explica aqui a geóloga Emily Lakdawalla, estas novas concreções encontram-se em estratos mais antigos e não têm o mesmo aspecto dos “mirtilos”. O que serão, então?
Teremos de aguardar pela equipa da missão para mais esclarecimentos.
6 comentários
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isto se parece com fóssil.
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Olá Rafurel,
Por parecerem, não quer dizer que o sejam. 😉
Eu apostaria que estas esférulas estão de alguma forma relacionadas com o impacto que formou a cratera Endeavour, mas a última palavra caberá à equipa da missão MER, quando o Opportunity tiver concluído todas as suas actividades no local.
Nós por cá temos as pedras parideiras, um fenómeno raro mas real… Será algo semelhante? De qualquer forma, é “do outro mundo” 😀
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Olá Daniel,
Não me parece. As pedras parideiras são nódulos discóides de biotite maiores que as esférulas da imagem. A sua formação está relacionada com as condições particulares do processo de cristalização magmática do granito da Serra da Freita (ver mais sobre este assunto aqui: http://geologia.aroucanet.com/index.php?option=com_content&task=view&id=19&Itemid=46).
No caso destes afloramentos, as concreções parecem mais resistentes que a biotite e a sua formação estará, provavelmente, associada ao impacto que formou a cratera Endeavour. Mas eu não sou geólogo. Seria interessante ter aqui a opinião de um especialista. 😉
A foto em mosaico a cores mostrada em cima é do Curiosity ou do Opportunity?
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Olá Ricardo,
Obrigado pelo reparo. Já está corrigido.;)