Integrada no ciclo de conferências Horizontes da Física 5, a decorrer na Universidade de Aveiro até 27 de Março, assisti ontem, dia 20, à 3ª palestra intitulada «Em busca dos nossos vizinhos cósmicos».
Para falar deste tema, haveria melhor escolha que o Dr. Carlos Oliveira? Ficámos sem o saber, pois foi o próprio que nos presenteou com uma bela e surpreendente palestra. Bela porque o tema é sempre cativante; surpreendente porque fugiu à estrutura habitual destes eventos, nos quais o palestrante discorre sobre o tema, reservando para o final um período de perguntas e respostas.
Nesta palestra, não houve um período definido para perguntas e respostas. Estas foram surgindo ao longo de toda a apresentação e nem sempre as perguntas partiam do público para o palestrante; com frequência a audiência foi surpreendida com interpelações formuladas pelo Carlos Oliveira, criando uma intensa interação.
Uma agradável surpresa! Ficaram assim goradas as previsões do Carlos que, à laia de brincadeira, se apresentou como candidato à pior palestra de sempre.
Por tudo isto, não é de espantar que, apesar de ter sido largamente ultrapassado o tempo estipulado para o evento, me tenha sabido a pouco e, por mim, ainda ali ficaria naquele agradável “convívio”. Mas o relógio foi implacável e, quando me apercebi, tinham passado mais de 2 horas…
Porém, o tema não se esgotou ali. Em jeito de tertúlia, a conversa passou do anfiteatro para o átrio da Universidade e deste para um restaurante de Aveiro, onde se prolongou noite adentro…
Quanto à palestra em si…
Sendo o Carlos Oliveira professor de Astrobiologia na Universidade de Austin, Texas e, sendo o tema “Em busca dos nossos vizinhos cósmicos”, havia no ar potencial para expectativas muito ousadas.
Contudo, quem ia à espera de ouvir revelações surpreendentes sobre OVNIS, seres inteligentes vindos de outros planetas ou outros cantos da nossa Galáxia, enganou-se redondamente. Enganou-se, mas não deu o seu tempo por perdido.
Não é fácil resumir aqui mais de 2 horas de conversa. Mas desde o primeiro até ao último minuto, houve um fio condutor que uniu os diversos assuntos abordados. E esse fio condutor nada tem que ver com seres alienígenas…
Ficou claro para todos que a nossa ideia de extraterrestres, que vemos difundida nos filmes e livros de ficção científica, a descrição que deles é feita por supostas testemunhas oculares ou vítimas de rapto/abdução, não passa de projeções dos nossos sonhos, medos e anseios. Imaginamos os ET’s como seres humanóides. Contudo, exageramos ou deturpamos as características que nos definem como humanos.
Afinal, é com base nas nossas percepções e na nossa cultura, que vemos os outros. No fundo, a busca pelos seres extraterrestres não passa da busca pela nossa própria identidade. Estamos à procura de nós próprios.
9 comentários
2 pings
Passar directamente para o formulário dos comentários,
Mais uma vez venho dizer quanto lamento não ter assistido.
Rui,
Obrigado pelas palavras 😀
Espero que as (quantas? 250?) pessoas que lá estiveram e praticamente encheram o auditório também tenham ficado satisfeitas e tenham aprendido alguma coisa sobre o tema 🙂
Uma pequena correcção:
Nos vários anos que dei aulas na UT em Austin, tive certas funções de professor assistente, professor associado e até de professor catedrático… mas sempre com profissão oficial de aluno de doutoramento 😉
Ou seja, nunca fui oficialmente professor. O meu contrato era de aluno :D, apesar de dar aulas e até ter criado disciplinas 😛
abraços! 😉
Author
Quantas pessoas lá terão estado? Estava logo na segunda fila e não as contei. Mas, quando olhei para trás, constatei que o auditório estava muito bem composto e com uma audiência bem numerosa 🙂
Quanto à correção, julgo não ser necessária. Ministraste aulas na Universidade de Austin e criaste algumas das disciplinas. Foi neste contexto que referi as expectativas criadas 😉
…parabéns pela palestra!
Olá Carlos e Rui,
Lamentavelmente Carlos, tenho de te informar que perdeste o prémio da pior palestra de sempre, convenhamos que nem sequer te esforçaste…. 🙂
Ainda continuo a considerar que a pedagogia do humor e da interação é uma das formas mais eficazes de “ensinamento”, e como tu foste eficaz amigo!
Parabéns, queremos mais, tão bom ou “pior” 😉
Rui, excelente descrição do evento, eu não diria melhor 😉
Beijinhos para ambos.
Author
Obrigado, Paula.
Mas desta vez eu não mereço todo o crédito. Foi um trabalho de equipa 🙂
Obrigado 🙂
Sucinta e perfeita descrição da palestra!
Author
Sucinta é a palavra certa. Numa palestra tão longa e abrangente, qualquer resumo deixa sempre muito por dizer 🙂
A busca por tops continua em outros mundos?ou sera a proliferação de conhecimentos cosmicos somente?
[…] C. Prémio. Curso no Porto e Açores. Astrobiologia. Ensino. Pai Natal. Jantar. FNAC. Salesianos. Em Busca dos Nossos Vizinhos Cósmicos (crenças). Da Terra a Marte. Do infinitamente grande ao infinitamente pequeno. AAS. IJA, 33 euros, […]
[…] nosso colaborador Rui Costa já disse tudo neste post sobre a palestra: “Em Busca dos Nossos Vizinhos Cósmicos“. No entanto, faltou uma […]