A Gripe deste Ano

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Dez anos depois do H5N1 – a gripe das aves – extremamente mortal, aparece outra estirpe da gripe aviária: o H7N9. A gripe de 2003 matou 360 pessoas. A deste ano já vai com 28 infectados com 9 mortos, o que equivale a uma taxa de mortalidade de 9/37,  bem acima da taxa da gripe sazonal mas com uma taxa de transmissão muito baixa. Porquê? Esta pergunta vem em par com outra: porque pode ser tão perigosa uma nova estirpe?

O H e o N usados para nomear as estirpes são as iniciais das proteínas de superfície, responsáveis por se agarrar à célula e ter a capacidade de entrar através da membrana. Os números são os vários tipos de proteína existente neste vírus. NA e o HA representam os serótipos dos vírus: há 9 tipos de N (neuraminidase) e 16 tipos de H (hemaglutanina).
O tipo A do Influenza “infecta uma grande variedade de mamíferos como o homem, cavalos, focas e porcos, e aves como galinhas e patos. O tipo B só é capaz de infectar humanos, não tendo por isso tantas implicações na epidemiologia.” (aqui) O tipo C produz sintomas idênticos ao da gripe.

A OMS diz não haver perigo de pandemia. E é fácil perceber porquê: A Hemaglutanina (o “H” do H1N1, H5N1 ou H7N9, por exemplo), liga-se a receptores contendo ácido siálico. Terá de construir ligações alfa 2-3 e alfa 2-6. O porco possui os dois tipos de ligação e, desta forma, será elemento que pode misturar as estirpes que possuem estas ligações. Enquanto não houver infecção de suínos com a H7N9 ao mesmo tempo de uma H1N1 ou outra semelhante, não haverá mistura e não surgirá nenhuma estirpe híbrida capaz de conter as ligações químicas que nos possam infectar.

A gripe aviária só tem transmissibilidade directa para humanos a partir de aves em condições muito precárias de higiene. Ao infectar um humano vai formar ligações alfa 2-6, numa zona mais profunda dos pulmões. Assim, os poucos infectados correm grande risco de vida.

Tal como nós, o nosso sistema imunitário consegue reagir melhor a pequenas alterações do que a alterações mais bruscas. O Drift é o nome que se dá a pequenas alterações no vírus. São alterações nos genes, aquelas que nos obrigam a fazer novas vacinas a cada ano devido à incapacidade de actuação por causa das pequenas mutações nos vírus. O shift refere-se a grandes alterações, aquelas que passam por um “misturador”, ou seja um animal que incorpore 2 estirpes diferentes por forma a originar uma nova que nos infecte. Este é o grande perigo.

2 comentários

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  1. De facto, Samuel, o perigo não é o número de mortes mas a percentagem de mortalidade. A gripe comum mata muita gente mas infecta muito mais. A taxa de mortalidade da gripe sazonal é de 0,5%. O H5N1 matou 360 pessoas com uma taxa de mortalidade de cerca de 50%. O perigo é se a transmissão entre humanos se facilita.

    Está explicado neste e noutros artigos o porquê desse perigo. Agora o H7N9 está com uma taxa de mortalidade de 21% (131 casos e 34 mortes)

    • Samuel Junior on 11/04/2013 at 22:43
    • Responder

    Sempre considerei excessivamente alarmistas estas notícias sobre variantes da gripe comum. Simplesmente pq os dados comprovam que a gripe comum mata mais que estas variantes. Além do que existem várias outras doenças ou causa mortes mais fatais que esta gripe. Não estou falando que não devemos ter cuidado com novas cepas de vírus, mas a impressão que me dá é que notícias como estas são mais para causar certo alarme em um suposto potencial fatal que ela na prática não tenha tanto.

  1. […] – Medicina (tag): Mitos. Morgellons. Origem e Evolução dos Vírus. Gripe (prova da Evolução). Cromossomas XY. Vacinas. Sentidos (visão, audição, olfato, paladar e […]

  2. […] vem a novidade deste post: Já escrevi aqui sobre o H5N1, gripe aviária e sobre a nova estirpe aviária deste ano, a H7N9. A novidade é que […]

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