Esta imagem mostra a explosão mais poderosa alguma vez já vista. Crédito: NASA/DOE/Fermi LAT Collaboration
Os telescópios Swift e Fermi detetaram a 27 de Abril de 2013 a mais poderosa explosão de raios gama de sempre. Chama-se GRB 130427A e foi “vista” durante várias horas.
A causa terá sido a “explosão” de uma estrela extremamente massiva que se encontra a 3600 milhões de anos-luz de distância da Terra. O que resta agora no local serão as ondas de choque da supernova e, claro, um buraco negro.
Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.
Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica. Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.
Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).
Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.
Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
Algo a 1/X da distância (X vezes mais próximo), ficará com um brilho X^2 vezes mais intenso.
Algo X^2 mais brilhante, corresponde a uma diferença de magnitude aparente de
– 2,5 * log( X^2).
Ou seja, diferença de -13.5
Portanto, considerando esses valores, será entre magnitudes -14,3 e -5,6, e estaria a cerca de 16 anos-luz de nós.
Ou seja, entre tão brilhante quanto 2 Luas e meia (concentrado num ponto), e o máximo que se consegue ver a ISS quando estiver toda iluminada pelo Sol na passagem mais próxima da Terra…
E agora, qual seria a comparação da Eta Carinae de agora com o momento que ela teve seu maior “flash” energético?
Se tivermos esta proporcionalidade, poderíamos aplicar ao resultado que tu obteve poderíamos ver como ficaria a GRB 130427A no lugar da Eta Carinea, para nós agora.
RSM, creio que da pra dizer, assim com cálculos por cima, que esta nova GRB 130427A seria pouco mais de 2x a explosão de raios gama da GRB 080916C.
Ainda fico na dúvida, se uma explosão tão grande assim ainda é compatível com o fenômeno de Super-Nova ou se já não seria o caso de ser um novo fenômeno.
Isto foi a 3.500.000.000 ou 3.600.000.000 anos-luz, ao que parece, mais coisa menos coisa…
Não sei o que se teria registado de raios Gama da 1987A (O SWIFT só lançado em 2004, o Xandra em 1999, não havia medições na altura), mas são “kabooms” potencialmente diferentes..
Este GRB é um “kaboom” de Raios Gama, que é uma “luz” mais azul ainda que o “azul” do ultra violeta, dito metaforicamente, reforçando a ideia que foi libertado mesmo muuuuuita energia no “kaboom”. A SN1987A, foi vista no visível, que é uma luz com muito menos energia. Mas foi “vista” (obervada) de forma mais brilhante no visível por estar mais perto. 170.000 anos-luz é uma escala que cabe na nossa Via Láctea! A SN1987A de facto ocorreu “cá”..
De certa forma, se este GRP foi um “Katraboom!” a SN1987 foi um “puff” que se (ou)viu maior por estar “aqui ao lado”.
Quanto é que são 3 600 000.000 anos luz? Isso é 1.400 vezes a distância entre Andrómeda e a nossa galáxia! Ou seja, é muito para lá do nosso Grupo Local de galáxias!
Ora se as coisas ficam mais ténues com o quadrado da distância, se o GRB tivesse ocorrido 1400x mais perto ali em Andrómeda, ele teria sido 2.000.000 vezes mais brilhante! Agarrando no número que o Carlos deu (mag +18 para o que terá ficado na realidade) o GRB 130427A teria brilhado com magnitude +2.2, que é parecido com o brilho da Estrela Polar (nada que faça sombra à noite, mas visível ainda assim!)
Entretanto, ao que parece, este GRB durou bastante tempo (umas horas) coisa que não sei se ajuda a “aumentar” o “sinal captado”, ou seja, se calhar a duração desta emissão acaba por influenciar o dizermos que foi a “maior explosão de sempre”. A definição de “maior” fica aqui dúbia 🙂 Não sei se é um “fluxo total” de energia que cá chegou, ou se era um fluxo de energia por unidade de tempo.
Houve outros GRBs mais perto, o GRB 980425 por exemplo, é o mais perto que se conhece estando associado a uma explosão de supernova, a SN1998bw. Este deverá estar a um redshift de z=0.008, o que quer dizer algo vagamente perto de 0.008*c/68 = 115 000 000 anos luz. Mesmo esta está 46x mais longe de nós que a Galáxia de Andrómeda. Corresponde a uma distância 11x o diâmetro (3,1 Mpc) do que se pensa ser o nosso Grupo Local de galáxias.. Ou seja é “daquele grupo ali ao lado” 🙂
Eu ainda sou muito leiga nesses assuntos e tenho muitas dúvidas. Mas pesquisando mais sobre supernovas, encontrei alguns artigos e me deparei sobre o GRB 080916C (ocorrida em 2008, na constelação de Carina) que na época foi considerada a maior explosão de raios gama até então (não sei se houveram outros recordes depois desse evento) Nos artigos que encontrei, dizem que a 080916C foi equivalente a “9 mil supernovas explodindo simultaneamente e emitindo cinco vezes a energia emitida pelo sol em menos de 60 segundos”. A titulo de comparação (para leigos) qual seria o tamanho do “kaboom” dessa nova explosão de agora comparada com a GRB-080916C?
Será que após um GRB se poderá observar uma supernova? Ou perguntado de outro modo, após uma emissão de raios gama desta, será de esperar algum tipo de “reacção” em comprimentos de onda no visível? Estou a pensar em algo que aumente de brilho devido à expansão do material resultante da explosão…
Mas como isto foi a 27 de Abril, e já estamos a 8 de Maio, já passou demasiado tempo, não?
Entretanto, “explosão mais poderosa de sempre” podia ser dito de outra forma, porque a distância a que ela se deu pode influenciar a força do sinal.. Ou seja, o recorde desta explosão foi no sinal recebido, não quer dizer que tenha sido a maior de todas…
Considerando que pode haver alguma imprecisão na distância, de mais milhão menos milhão de anos, sim… mas os 11 dias deixam de ser relevantes 🙂
Faz lembrar a piada do exército com 1003 soldados: “vinham três à frente e par’ aí uns mil atrás” 🙂
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Interessante Carlos
A magnitude da Eta Carinae é entre -0,8 e 7,9
Alguém pode me dizer quanto que ficaria ela quase 500x mais próximo?
Algo a 1/X da distância (X vezes mais próximo), ficará com um brilho X^2 vezes mais intenso.
Algo X^2 mais brilhante, corresponde a uma diferença de magnitude aparente de
– 2,5 * log( X^2).
Ou seja, diferença de -13.5
Portanto, considerando esses valores, será entre magnitudes -14,3 e -5,6, e estaria a cerca de 16 anos-luz de nós.
Ou seja, entre tão brilhante quanto 2 Luas e meia (concentrado num ponto), e o máximo que se consegue ver a ISS quando estiver toda iluminada pelo Sol na passagem mais próxima da Terra…
Muito obrigado Filipe
E agora, qual seria a comparação da Eta Carinae de agora com o momento que ela teve seu maior “flash” energético?
Se tivermos esta proporcionalidade, poderíamos aplicar ao resultado que tu obteve poderíamos ver como ficaria a GRB 130427A no lugar da Eta Carinea, para nós agora.
Mas estes raios gama são subprodutos de raios cósmicos a entrar na atmosfera ou são mesmo nativos do evento “cósmico”?
Author
Penso que este link explica 😉
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipernova
abraços
“Cuidado com os nativos!”
Author
Pode ser Hipernova:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hipernova
😉
RSM, creio que da pra dizer, assim com cálculos por cima, que esta nova GRB 130427A seria pouco mais de 2x a explosão de raios gama da GRB 080916C.
Ainda fico na dúvida, se uma explosão tão grande assim ainda é compatível com o fenômeno de Super-Nova ou se já não seria o caso de ser um novo fenômeno.
A super-nova 1987A ocorreu a 170.000 mil anos luz.
Mas GRB 130427A esta a 3.500.000.000 anos luz teve uma explosão de raios-gama maior.
Ela foi pelo menos mais de 20mil vezes maior que a 1987A.
Alguém tem alguma informação a respeito de porque isto?
Isto foi a 3.500.000.000 ou 3.600.000.000 anos-luz, ao que parece, mais coisa menos coisa…
Não sei o que se teria registado de raios Gama da 1987A (O SWIFT só lançado em 2004, o Xandra em 1999, não havia medições na altura), mas são “kabooms” potencialmente diferentes..
Este GRB é um “kaboom” de Raios Gama, que é uma “luz” mais azul ainda que o “azul” do ultra violeta, dito metaforicamente, reforçando a ideia que foi libertado mesmo muuuuuita energia no “kaboom”. A SN1987A, foi vista no visível, que é uma luz com muito menos energia. Mas foi “vista” (obervada) de forma mais brilhante no visível por estar mais perto. 170.000 anos-luz é uma escala que cabe na nossa Via Láctea! A SN1987A de facto ocorreu “cá”..
De certa forma, se este GRP foi um “Katraboom!” a SN1987 foi um “puff” que se (ou)viu maior por estar “aqui ao lado”.
Quanto é que são 3 600 000.000 anos luz? Isso é 1.400 vezes a distância entre Andrómeda e a nossa galáxia! Ou seja, é muito para lá do nosso Grupo Local de galáxias!
Ora se as coisas ficam mais ténues com o quadrado da distância, se o GRB tivesse ocorrido 1400x mais perto ali em Andrómeda, ele teria sido 2.000.000 vezes mais brilhante! Agarrando no número que o Carlos deu (mag +18 para o que terá ficado na realidade) o GRB 130427A teria brilhado com magnitude +2.2, que é parecido com o brilho da Estrela Polar (nada que faça sombra à noite, mas visível ainda assim!)
Entretanto, ao que parece, este GRB durou bastante tempo (umas horas) coisa que não sei se ajuda a “aumentar” o “sinal captado”, ou seja, se calhar a duração desta emissão acaba por influenciar o dizermos que foi a “maior explosão de sempre”. A definição de “maior” fica aqui dúbia 🙂 Não sei se é um “fluxo total” de energia que cá chegou, ou se era um fluxo de energia por unidade de tempo.
Houve outros GRBs mais perto, o GRB 980425 por exemplo, é o mais perto que se conhece estando associado a uma explosão de supernova, a SN1998bw. Este deverá estar a um redshift de z=0.008, o que quer dizer algo vagamente perto de 0.008*c/68 = 115 000 000 anos luz. Mesmo esta está 46x mais longe de nós que a Galáxia de Andrómeda. Corresponde a uma distância 11x o diâmetro (3,1 Mpc) do que se pensa ser o nosso Grupo Local de galáxias.. Ou seja é “daquele grupo ali ao lado” 🙂
Eu ainda sou muito leiga nesses assuntos e tenho muitas dúvidas. Mas pesquisando mais sobre supernovas, encontrei alguns artigos e me deparei sobre o GRB 080916C (ocorrida em 2008, na constelação de Carina) que na época foi considerada a maior explosão de raios gama até então (não sei se houveram outros recordes depois desse evento) Nos artigos que encontrei, dizem que a 080916C foi equivalente a “9 mil supernovas explodindo simultaneamente e emitindo cinco vezes a energia emitida pelo sol em menos de 60 segundos”. A titulo de comparação (para leigos) qual seria o tamanho do “kaboom” dessa nova explosão de agora comparada com a GRB-080916C?
Será que após um GRB se poderá observar uma supernova? Ou perguntado de outro modo, após uma emissão de raios gama desta, será de esperar algum tipo de “reacção” em comprimentos de onda no visível? Estou a pensar em algo que aumente de brilho devido à expansão do material resultante da explosão…
Mas como isto foi a 27 de Abril, e já estamos a 8 de Maio, já passou demasiado tempo, não?
Entretanto, “explosão mais poderosa de sempre” podia ser dito de outra forma, porque a distância a que ela se deu pode influenciar a força do sinal.. Ou seja, o recorde desta explosão foi no sinal recebido, não quer dizer que tenha sido a maior de todas…
Author
http://www.apolo11.com/spacenews.php?titulo=Olho_no_ceu_Uma_supernova_pode_surgir_a_qualquer_momento!&posic=dat_20130508-113224.inc
No entanto… será praí magnitude aparente de +18 … 🙁
Quer dizer que esta explosão ocorreu há 3600 milhões de anos. Mais precisamente à 3600 milhões de anos e 11 dias. 🙂
Considerando que pode haver alguma imprecisão na distância, de mais milhão menos milhão de anos, sim… mas os 11 dias deixam de ser relevantes 🙂
Faz lembrar a piada do exército com 1003 soldados: “vinham três à frente e par’ aí uns mil atrás” 🙂
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