Representação artística de 83982 Crantor e de 2010 EU65, dois centauros co-orbitais de Urano.
Crédito: SINC.
Duas equipas de investigadores demonstraram, pela primeira vez, a existência de três centauros co-orbitais de Urano. Dois dos objectos possuem órbitas instáveis em forma de ferradura, enquanto que o terceiro segue uma trajectória mais estável, cerca de 60º à frente do planeta.
Em 2006, o astrónomo uruguaio Tabaré Gallardo sugeriu que as órbitas dos centauros 83982 Crantor e 2000 SN331 possuíam o mesmo período que a órbita de Urano – aproximadamente 84 anos. Recentemente, dois astrofísicos espanhóis confirmaram ser este o caso apenas para o primeiro objecto. “As simulações que efectuámos no Centro de Processamento de Dados da Universidade Complutense de Madrid indicam que 2000 SN331 não está em ressonância 1:1 com Urano, mas Crantor sim, o que significa que completa uma revolução em redor do Sol exactamente no mesmo período que o planeta”, explicou à agência noticiosa SINC Carlos de la Fuente Marcos, um dos autores do trabalho.
Crantor segue numa órbita em forma de ferradura associada a Urano, com uma excentricidade moderada de 0,27, e uma inclinação de cerca de 12,78º. No entanto, apesar da sua trajectória ser controlada pela acção conjunta do Sol e de Urano, este objecto de 67 quilómetros de diâmetro sofre perturbações gravitacionais de Saturno, pelo que esta configuração orbital revela-se imprevisível em períodos superiores a 10 mil anos.
A equipa descobriu ainda outro centauro com parâmetros orbitais muito semelhante aos de Crantor. Com um diâmetro estimado entre 20 e 90 quilómetros, 2010 EU65 também possui uma órbita em forma de ferradura, mas com uma excentricidade menor, o que o torna menos susceptível a perturbações gravitacionais provocadas pelos outros planetas.
Entretanto, uma segunda equipa de cientistas liderada por Mike Alexandersen da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, anunciou a descoberta de um terceiro objecto co-orbital de Urano. Denominado 2011 QF99, este centauro com cerca de 60 quilómetros de diâmetro é o primeiro troiano uraniano a ser identificado. Ao contrário dos outros dois objectos, 2011 QF99 segue uma órbita mais estável, devendo manter-se numa oscilação temporária em redor do ponto lagrangiano L4 do sistema Sol-Urano, pelo menos, nos próximos 70 mil anos.
Podem ler todos os pormenores destes dois trabalhos aqui e aqui.
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