Não tente fazer isto em casa… quer dizer… na Lua

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Esta imagem engraçada pode levar-nos a pensar “e se…?”
 

Penso que se um dia um astronauta estiver na Lua, bem protegido pelo fato espacial, e lhe apetecer fazer uma… digamos uma necessidade fisiológica de caráter líquido, não lhe passará pela cabeça abrir o fato, e aliviar-se ali mesmo…
…Até porque, muito provavelmente, estará muita gente aqui na Terra a ver.

Mas e se o fizesse? O que aconteceria? A ele próprio e à urina?
Vou elencar aqui algumas considerações que me ocorreram a mim e a outros amigos do Facebook onde isto foi motivo de brincadeira.
Os leitores estão convidados a contribuir com outras considerações ou críticas ao que aqui for dito, naturalmente.
 

Comecemos pelo próprio astronauta:

O fato espacial não lhe dá apenas proteção contra a radiação, também o mantém a uma pressão que lhe permita manter a integridade física e a temperatura corporal. Se ele o abrisse, todo o ar sairia de imediato e ele ficava envolvido por um ambiente a pressão zero. Apesar da pele ser resistente e manter a coesão do corpo, o corpo sofreria uma descompressão aumentando de volume.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o sangue não ferveria devido à descompressão. Na verdade, o sangue está contido dentro dos vasos sanguíneos, os quais estão envoltos pelos órgãos e tecidos corporais. Assim, a pressão arterial manter-se-ia praticamente constante
A perda de calor apenas se verificaria na superfície exposta, por radiação infra-vermelha. Não há ali ar em contacto com os órgãos ou tecidos expostos. O arrefecimento seria mais lento do que os filmes de Ficção Científica às vezes gostam de nos mostrar. De qualquer modo, o arrefecimento ocorreria, para além de que a pele exposta perderia também a humidade ficando completamente seca.

 
Agora, ignoremos os problemas e as alterações fisiológicas do astronauta e concentremo-nos no acto de urinar:

Se aqui na Terra será razoável urinar até uns 2 metros de distância, na Lua, com uma gravidade 6 vezes inferior e assumindo uma velocidade inicial igual e um ângulo “de lançamento” igual, a urina levaria 6 vezes mais tempo a atingir o solo e por isso percorreria uma distância horizontal 6 vezes maior, indo cair a 12 metros. Mas como lá também não há ar para oferecer resistência, cairia a uma distância ainda maior, certo? E como durante esse tempo a tensão superficial da água tinha mais que tempo para atuar, o jacto transformava-se numa fila curva de esferas de urina, certo?

Errado!

Como na Lua a pressão atmosférica é virtualmente zero (o invólucro gasoso da Lua é tão, mas tão ténue, que nem se chama atmosfera mas sim exosfera… ), a urina entrava imediatamente em ebulição, devido à descompressão explosiva. Essa ebulição vaporizava a urina quase instantaneamente. Esse vapor de água (o resíduo sólido cairia no solo), também devido à ausência de pressão que o contivesse, dispersar-se-ia, desaparecendo rapidamente.

 
Por estas e por outras, é que a NASA escolhe bem os astronautas que manda para o espaço. Tudo gente sensata e inteligente. Por muito aflito que esteja o homem, penso que tão cedo não iremos ver nenhum astronauta a cometer esta proeza…

 

8 comentários

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  1. o pênis dele seria esmagado.

      • douglasCardinot on 22/08/2013 at 05:13
      • Responder

      Não seria esmagado, incharia como com aqueles aparelhos descompressores que prometem aumentar o pênis…

  2. Obrigado 🙂

    • Carlos Junior on 04/02/2013 at 23:54
    • Responder

    Achei superinteressante esta teoria. Fascinantemente interessante! Muito obrigado por nos proporcionar teorias como essa!
    Carlos Junior.

  3. Muito bom. 🙂

    1. 🙂

    • Fernando Simões on 04/02/2013 at 11:24
    • Responder

    Em ambientes sem gravidade estas “coisas básicas” do dia a dia devem ser um autêntico desafio. 🙂

    1. No caso de um astronauta na superfície lunar, o desafio não é tanto a gravidade (que existe, mas é muito mais reduzida: apenas 1/6 da sentida à superfície da Terra).

      Ali o principal obstáculo a estas nossas tarefas do dia a dia é mesmo a ausência de uma atmosfera e, consequentemente, de pressão atmosférica.

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