Homens e Mulheres

Homens e Mulheres pensam de forma diferente.
Existem imensos cartoons pela web que mostram as diferenças nos cérebros dos homens e das mulheres.
Assim como existem estudos científicos que provam isso mesmo: os nossos cérebros funcionam de forma diferente.

Gostei bastante deste livro, do John Gray, que explica o porquê de homens e mulheres parecerem ser de planetas diferentes. Ele já tem outros livros do mesmo género.

Gosto dos livros, compreendo-os, percebo as diferenças entre os dois sexos, mas não vou mentir dizendo que compreendo perfeitamente a forma de pensar do “outro lado”. Não compreendo, porque o meu cérebro funciona de forma diferente. Continuo obviamente a pensar com “caixas separadas”, com a “caixa vazia”, com “sistema de pontos“, com “fugas para cavernas“, etc.

Parece-me que os homens especializam os assuntos, dividem-nos, põem em compartimentos/caixas… tal como faz a ciência moderna ocidental, que se tornou na base da industrialização, e que é o que se vê nas escolas (onde não existe integração, mas sim divisão de disciplinas/assuntos).
Já as mulheres pensam de forma mais holística… como se faz nas culturas orientais.

O mesmo é dito pelo Mark Gungor, nesta excelente palestra (legendas em português):

The tale of two brains (Sesion 1) from AFC Family on Vimeo.

The tale of two brains (Sesion 2) from AFC Family on Vimeo.

Defending the Caveman:

Existe também este artigo que explica algumas formas diferentes de homens e mulheres comunicarem:
– as mulheres gostam de falar, os homens gostam mais de estar em silêncio, só falando com um propósito específico, como resolver um problema ou tomar uma decisão. Elas pensam que eles estão a ignorá-las, e eles pensam que elas têm o objectivo de resolver um problema.
– as mulheres conversam para partilhar experiências e sentimentos, enquanto os homens conversam para trocar informação. Se não tiver valor informativo, os homens não dão valor às conversas.
– as mulheres interrompem para mostrar preocupação, enquanto os homens interrompem para controlar a conversa. As mulheres pensam que eles estão a mudar de assunto, enquanto os homens vêem as interrupções das mulheres como um desrespeito (uma afronta ao seu ego) e uma forma de os controlar a eles. As interrupções levam a frustrações de ambas as partes.
– as mulheres argumentam de forma a questionar, enquanto os homens são mais directos e insensíveis. Eles interpretam isso como críticas e censura porque assumem que estão certos (as questões das mulheres são uma afronta ao seu ego), e elas fecham-se emocionalmente.
– as mulheres usam as desculpas para manter a relação, enquanto os homens não pedem desculpa porque isso seria perder poder, e elas ficam ofendidas.
– as mulheres dão elogios mesmo quando não é o que pensam, enquanto os homens fazem avaliações objectivas, dando conselhos que as mulheres não querem ouvir.
– as mulheres querem ouvir elogios, enquanto os homens não os querem dar, porque ficam vulneráveis a críticas que não querem ouvir.
– as mulheres analisam um problema falando dele e procurando alternativas, enquanto os homens olham para os factos e querem tomar atitudes imediatas, querem tomar decisões e menos conversa. Os homens não percebem porque as mulheres não querem resolver rapidamente os problemas e interpretam isso como uma ingratidão para com eles e como manipulação da conversa, e as mulheres ficam frustradas por os homens não quererem saber dos seus sentimentos.

Por mais que eu queira, o meu cérebro nunca vai compreender o das mulheres, porque funciona de forma diferente.
Vou sempre avaliar as situações, com o meu cérebro, que funciona de forma masculina.
Posso entender que existem essas limitações, mas não me posso colocar totalmente no lugar da outra pessoa para compreender exactamente como está a pensar.

Ora, sendo assim, percebe-se que elementos da mesma espécie, que vivem no mesmo planeta, e que pertencem à mesma linha evolutiva, mesmo assim não se compreendem porque os seus cérebros funcionam de forma diferente.

Entre nós e outras espécies, que sofreram linhas evolutivas diferentes, mas que evoluíram no mesmo planeta que nós e têm antepassados comuns connosco, será assim praticamente impossível essa comunicação perfeita – vai ser sempre baseada naquilo que nós interpretamos e não naquilo que é.
Por isso é que não conseguimos comunicar, por exemplo, com formigas. Aliás, as formigas nem sabem quem nós somos.
Como disse o filósofo Ludwig Wittgenstein: “Se um leão pudesse falar, nós nunca o compreenderíamos”. A razão é simples: o cérebro do leão funciona de forma diferente, o que faz com que o leão tenha percepções do mundo ao seu redor que são impossíveis nós compreendermos.

O que me leva, obviamente, aos extraterrestres.
Eu gosto muito de ficção científica, mas ela fica a anos-luz da realidade.
Se nós não conseguimos comunicar efectivamente com seres do nosso planeta, com quem temos antepassados comuns, e nem sequer conseguimos comunicar perfeitamente com outros seres da mesma espécie que nós, que têm o mesmo cérebro que nós (mesmo funcionando de forma ligeiramente diferente), como é que alguém pode pensar que é possível comunicar com seres, de outros planetas, que não partilham connosco qualquer antepassado, que terão certamente cérebros totalmente diferentes dos nossos, e que quiçá até terão outras formas de pensar que não utilizando o cérebro!
Parece-me nitidamente “wishful thinking”, desejos pessoais, de quem vê muita ficção científica, mas que nem se apercebe que essa ficção científica sofre de uma imaginação bastante limitada tendo em conta a vida na Terra quanto mais a vida que poderá existir por todo o Universo.

31 comentários

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  1. Oi…

    Excelente tema.
    Tenho um “insight” para o debate:

    Acho que é natural esperar que uma espécie tecnológica (que consiga comunicar connosco via radio ou que consiga vir até nós) possua algumas diferenças relativamente à humanidade, mas provavelmente apresentará semelhanças inesperadas, senão vejamos:

    Para uma espécie desenvolver tecnologia nesses níveis, necessita de acumular conhecimento. Estão de acordo?
    Seguindo esta linha de pensamento há duas hipóteses:
    A) Será muito mais provável que essa acumulação seja feita por vários indivíduos que partilham informação do que por apenas um. Para além disso, também será muito mais provável que essa acumulação se verifique ao longo de várias gerações por oposição a ser feita numa única geração de indivíduos (mesmo que esses indivíduos tenham uma grande esperança de vida).
    ou
    B) Há uma boa probabilidade de encontrar uma espécie/forma de vida que é essencialmente imortal e única, por exemplo, que ocupe largas extensões de espaço (não de Espaço) constituída por partes que estão em constante renovação, globalmente cientes, sempre a acumular conhecimento… Embora imagine que uma espécie deste tipo seja imensamente inteligente, não imagino que tenda para o desenvolvimento tecnológico (ou seja, inteligente mas não tecnológica). Ainda assim, não vou pôr de lado a hipótese de que desenvolva tecnologia (inteligente e tecnológica).

    Tipo B
    Eu diria que o contacto com uma espécie do tipo (B) pode representar um desafio de comunicação, mas no mínimo, o conhecimento tecnológico assenta no conhecimento da natureza que nos rodeia (sejamos quem formos) e no “aproveitamento/estruturação” dos recursos à nossa disposição aplicados nas formas e proporções adequadas. Deste modo, é quase garantido que qualquer espécie tecnológica, mesmo do tipo B, compreenda Matemática e abarque conceitos como “recurso”, “bom”, “adequado”, “mau”, “inadequado”, “gravidade”, “temperatura”, “tempo”, “abundância”, “escassez”, “energia”, “potência”, “timing”,…
    Enfim, vocês estão a ver onde quero chegar.
    Todas estas ideias constituem uma base sólida de entendimento e de comunicação.
    Podemos ter alguma dificuldade, para este tipo B, em entender as suas motivações. Mais: Alguns conceitos poderão ser alienígenas para esses alienígenas, por exemplo: “vontade”, “motivação”, “cooperação”, “amizade”, “inimizade”, … e por outro lado, poderão lidar com conceitos que nós não conseguimos compreender…

    Tipo A
    Por outro lado, as espécies do tipo (A) imagino, logo para começar, sejam muito mais prováveis que as de tipo (B).
    Mas o mais notório para as espécies de tipo A é que, quase de certeza, as semelhanças culturais com a humanidade sejam, forçosamente, mais evidentes do que as diferenças. Elaboremos um pouco sobre este tipo A:
    -Começam por ter de dominar, forçosamente, os conceitos tecnológicos básicos “recurso”, “bom”, “adequado”, “mau”, “inadequado”, “gravidade”, etc…
    -Para poderem passar informação de uns indivíduos para os outros, terão de ter “Comunicação” e “Linguagem”;
    -Para poderem manter e passar a informação entre gerações terão de ter “Escrita”;
    -Para poderem passar informação de uns indivíduos para os outros terão de compreender o conceito de “Cooperação”.
    -A própria noção de “passar informação de uma geração para outra” requer alguma forma de estruturação social (quer todos os indivíduos estejam ao mesmo nível ou não – sendo mais provável que exista hierarquização e/ou especialização).
    -No mínimo deverá haver estruturação familiar (de progenitor(es) para cria(s))…
    -Imagino que alguns dos modelos comportamentais usados para grupos de humanos, pelo menos em parte, serão directamente aplicáveis a qualquer indivíduo de uma sociedade estruturada. Logo, podemos ter “ferramentas” para compreender alguns aspectos de uma sociedade alienígena e estabelecer paralelos com a sociedade humana.
    -É altamente provável que tenham conceitos como “proteger”, “defender”, “ajudar”, “guardar”, “descartar”,…
    -É altamente provável que um indivíduo tenha os seus próprios recursos: As suas “notas”, a sua “caneta”, a sua “faca”…(*)
    -É altamente provável que hajam recursos partilhados: O “moinho”, O “arado”, O “carro” ou “barco”…(*)
    *) Quando digo: “notas”, “caneta”, “faca”, “moinho”, “arado”, “carro” ou “barco” refiro-me a conceitos similares que constituem “plataformas” de desenvolvimento tecnológico… Poderão não ser estas, mas seguramente que terão algumas…
    -Em consequência, é altamente provável que tenham o conceito de “propriedade” (até os cães têm quando disputam um bocado de carne)…
    -É altamente provável que conheçam o conceito de “troca” e de “comércio”, quem sabe até de “moeda”.

    Podia esticar estas “elaborações” o dia todo “pendurando-me” sempre no pressuposto de estarmos a lidar com seres inteligentes e tecnológicos capazes de emitir/receber comunicações via radio.
    A ideia de fundo é que se conseguirmos comunicar com alguém (sem irmos nós lá) podem fazer sentido aquelas frases do tipo “take me to your leader” que nos parecem disparatadas quando as ouvimos nos filmes antigos de ficção científica.
    A língua poderá não ser o Inglês. Eles até podem comunicar por marcadores químicos, mas, se conseguirmos traduzir, aposto 5 Euros como percebem “take me to your leader”.

    Abraço,
    Nuno G

  2. Cheguei hoje aqui, li todos os comentários, e a respeito de uma possível comunicação com ETs, e sempre concordei com meu professor que dizia que uma das formas mais prováveis de comunicação será a matemática/física, já que está rege o funcionamento do universo e estes tiveram de usa-la para viajar até o nosso planeta. Mas refletindo agora, essa é a nossa forma de interpretação do universo, e são leis que nós mesmos criamos para ele, por entender assim funcionar. A percepção dos ETs do mesmo universo pode ser completamente diferente da nossa, assim como podem talvez podem não usar/ter os mesmo sentidos que nós, como ver, ouvir, falar, e tenham qualquer um dos outros 1000 sentidos que o Carlos mencionou no Micromegas do Voltaire, e por isso desconhecidos por nós, sendo por tanto aparentemente, impossível estabelecer uma comunicação.

    • Paulo Pinheiro on 23/06/2013 at 17:25
    • Responder

    Não li tudo, mas uma coisa é certa: as formas de vida inteligentes que já deixaram a tecnologia para trás ou já cá estiveram ou não serão elas que nos visitarão 🙂

    1. Por que não?

    • Ana Guerreiro Pereira on 10/03/2011 at 02:34
    • Responder

    Carlos, mas a questão é: poderão aprender, caso lhe seja dada essa oportunidade? 😀

    Acrescento aí o caso do escaravelho que, por só ver duas dimensões, se desvia dos obstáculos como se estes emanassem um campo de forças qq que o obriga a desviar-se… um pouco como nós estamos sob o efeito da gravidade sem no entando a conseguirmos “ver”.

  3. Por falar noutras cores que não conseguimos sequer imaginar…

    O Micromegas do Voltaire tinha 1000 sentidos. Alguém consegue compreender que sentidos possam ser esses?
    😛

    E quando se fala em 4 dimensões espaciais… ou mais…
    http://www.astropt.org/2010/06/03/a-4%C2%AA-dimensao-espacial/
    onde estará essa 4ª dimensão? Conseguem imaginar? Não, porque o nosso cérebro é a 3 dimensões.
    Tal como o Picard não conseguia explicar um ser desses:
    http://en.wikipedia.org/wiki/Justice_%28Star_Trek:_The_Next_Generation%29
    Ou tal como o quadrado de Flatland (com o seu cérebro a 2 dimensões) não conseguia conceber uma dimensão para “cima-baixo”.

  1. […] dissertei sobre vários problemas de comunicação entre os homens e as mulheres, neste post, onde recomendo que vejam os vídeos bastante engraçados com as explicações das situações. […]

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