Equipa da Missão Kepler Prepara Proposta de Extensão

A missão Kepler foi concebida para funcionar durante um período de pelo menos 3 anos e meio. Este período termina em Novembro de 2012 e a equipa está já a preparar uma proposta que permitirá manter o telescópio em funcionamento durante mais tempo. Existem bons motivos para este pedido. Em primeiro lugar, a NASA já investiu 600 milhões de dólares na missão pelo que estender a missão com um custo anual acrescido de “apenas” 20 milhões de dólares, seria uma forma de rentabilizar o investimento inicial, sem risco. Em segundo lugar, o hardware está a ter um comportamento excelente e calcula-se que existe combustível (hidrazina) suficiente, utilizado em manobras de ajuste de pontaria, para manter o telescópio em funcionamento até Setembro de 2020. Em terceiro lugar, o retorno científico da missão tem sido elevadíssimo, não apenas no estudo dos exoplanetas (actualmente há 1781 candidatos), mas também para várias outras áreas da astrofísica como a astrosismologia e evolução estelar (vejam a lista de publicações sobre exoplanetas e a lista de publicações noutros assuntos). Finalmente, como demos conta neste artigo, verificou-se que as estrelas observadas pelo Kepler têm em média um ruído fotométrico superior ao do Sol, o qual foi tomado como referência na concepção da missão. Isto complica a detecção de planetas do tipo terrestre, sendo necessário um tempo de observação superior aos 3 anos e meio planeados originalmente. A observação prolongada destes sistemas permite aumentar a relação sinal/ruído e identificar de forma inequívoca os trânsitos de pequena profundidade provocados por estes planetas, em especial se estiverem em configurações semelhantes à da Terra e do Sol no Sistema Solar (caso em que há um intervalo de um ano entre trânsitos sucessivos; em 3 anos e meio só é possível observar 3 trânsitos).

A opinião generalizada é de que a missão deve ser prolongada e de que em condições normais, e face dos pontos acima referidos, tal seria garantido. No entanto, os tempos são difíceis em termos de financiamento e a equipa da missão não está a tomar nada como garantido. A proposta deverá ser apresentada em Janeiro e a resposta será conhecida em Abril ou Maio de 2012.

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