Mundo estranho dos pseudos

Todos somos cientistas!
Todos nascemos cientistas, com uma curiosidade pela vida e pelo mundo que nos rodeia. Basta prestarmos atenção às crianças, que vemos uma incrível capacidade para fazer perguntas e constantes experiências de “tentativa e erro” de modo a aprenderem mais sobre o mundo novo à sua volta.

Infelizmente, muitos de nós, ao crescermos, perdemos essas capacidades.
Deixamos de fazer perguntas, incluindo àqueles que sabem muito mais que nós sobre um tema específico, e inclusivé depois há aqueles que chegam ao ponto de entrar em locais de conhecimento e escreverem comentários de estilo troll em que destilam ódios sem sentido à ciência só porque ignoram o conhecimento mais básico sobre os assuntos.
Em parte, isto é culpa de uma escola formal, ao estilo industrial, mecânico, que, como escreveu a professora Eleanor Duckworth, castra a criatividade e a curiosidade dos alunos. Em parte é culpa de uma educação familiar, em que os erros (devido às crianças funcionarem por tentativa e erro) são vistos como um resultado negativo e com consequências nefastas. Em parte é uma questão cultural. Em parte é uma questão de mentalidades. Em parte é… (poderíamos continuar com algumas variáveis).

O facto é que se chega a adultos e vê-se dois tipos de pessoas: aqueles que contrariam a sociedade e continuam em busca de conhecimento do mundo, procurando essa informação em locais credíveis; e aqueles que deixaram de ser curiosos e enveredaram por seitas religiosas em que a resposta é sempre a mesma (conspiração e/ou extraterrestres), dadas por “revelação” e não com evidências concretas baseadas no mundo real.

É triste haver esta distinção entre as pessoas.
Porque a verdade é que, mesmo em adultos, todos somos cientistas, já que todos os dias, milhões de vezes ao dia, utilizamos o produto de conhecimento científico, e milhares de vezes ao dia fazemos nós próprios as experiências científicas e tiramos conclusões racionais desse pensamento científico constante.
Infelizmente, os pseudos e os que se deixam levar pelas vigarices anti-conhecimento, não se apercebem deste facto. Hipocritamente atiram-se contra a ciência devido a puras parvoíces que eles assumem como verdade. E vivem uma vida triste, ignorante, dentro de um mundo científico que não compreendem, e cheios de raiva por aqueles que continuam a deliciar-se com a sua curiosidade inata pelo conhecimento do mundo (e Universo) que os rodeia.

Como todos somos cientistas diariamente (cidadão-cientista), então interpreto estas palavras do Michio Kaku como sendo direccionadas aos pseudos, àqueles que não querem saber do conhecimento.

“O mundo deve ser muito estranho para quem não é cientista. Passar pela vida sem saberem – ou talvez não querendo saber – donde veio o ar que respiramos, o que são aqueles pontinhos de luz que aparecem à noite, ou a distância a que esses pontos de luz estão de nós. Eu quero saber.”

Após a tradução livre que fiz das palavras do Michio Kaku, termino com as últimas palavras dele, que me parecem bastante importantes.
Como já dissemos neste post, está aqui a linha que separa o conhecimento da crença.
Nas palavras de Carl Sagan: “Eu não quero acreditar, eu quero saber.

2 comentários

1 ping

  1. Permites-me que discorde numa coisa?
    Não creio que todos sejamos cientistas no dia-a-dia: usar os frutos da ciência não faz de todos nós cientistas e usar o conhecimento empírico também não.
    Procurar saber mais através desses meios não é ciência.
    Para ser ciência, é necessário haver experimentação (ainda que teórica) e evidência fruto dessa experimentação científica.

    Exemplo: eu “experimento” tocar num tacho no fogão e descubro que me queimo. Deixo de o fazer e concluo que um tacho ao lume no fogão fica demasiado quente para lhe tocar. Isto é uma aquisição de conhecimento empírico, mas não é fazer ciência. Sem replicação e validação estatística, é anedótico e serve apenas como hipótese de trabalho.

    Não quero com isto dizer que não aprendamos com a experimentação empírica…mas essa não é científica, pelo menos não sob o ponto de vista da ciência atual.
    Concordo, sim, que o potencial existe em todos!! 🙂

    1. Eu percebo o teu ponto de vista… 😉

      Não sei se concordo muito com ele, porque vejo essa definição como mais abrangente, como mais “básica”…
      Daí ter escrito este post:
      http://www.astropt.org/2011/05/21/profecias-da-ciencia/

      É uma questão de mentalidade científica, de mentalidade competente… não somente se é “fazer ciência” ou não 😉

      Mas percebo o teu ponto de vista, e dou-te razão naquilo que expuseste. 😉

  1. […] Literacia (tag): Bananas. Visão da Ciência. Ursos de Peluche. Frankenweenie. Burro e Feliz. Mundo estranho pseudo. Superstição. Porque preferimos o conhecimento. Morte dos Especialistas. Anti-Intelectualismo. […]

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