Um Mundo Deste Tamanho

Já falamos neste livro:
neste post, coloquei o livro e link para um excerto do livro.
neste post, o Paulo Almeida colocou a sua crítica ao livro, assim como têm outras críticas nos comentários.
neste post, o próprio Pedro Cotrim convidou-nos para a apresentação do seu livro.

Vou voltar a este livro, porque estive a lê-lo nos últimos 2 dias.
Antes de mais, queria agradecer ao Pedro Cotrim ter assinado o livro e colocado uma dedicatória. 🙂

É um livro que de forma simples explica vários conceitos astronómicos. Em várias páginas, essa simplicidade está aliada a um discurso inspirador aconselhável à população em geral.
Utilizando uma expressão similar ao Buzz Aldrin quando chegou à Lua (“Desolação magnífica”), também eu uso um oxímoro para descrever o livro como: prosa poética.

Agora vou fazer uma crítica detalhada a vários sítios do livro.

Coisas que gostei:
– na página 20 tem uma história engraçada: em Los Angeles, em 1994, houve uma falha de energia e toda a cidade ficou às escuras. As pessoas começaram a telefonar para a protecção civil porque estavam surpreendidas com tantas luzes que estavam a ver no céu!
– na página 28, ele fala num facto curioso com que já me deparei várias vezes: na antiguidade a esperança média de vida era inferior a 30 anos. Muitos bebés morriam no 1º ano de vida, as infecções matavam, as cirurgias eram tortura, não havia medicamentos, antibióticos, vacinas, etc. No entanto, a maioria dos filósofos e cientistas que estudamos na história da ciência viveram bastante tempo, ao nível da esperança média de vida actual. Conclusão: seguir actividades que desenvolvam o pensamento científico, dá saúde. 🙂
– nas páginas 56, 63, e 70, chama a Lua de planeta. Diz que vivemos num planeta duplo, devido ao enorme tamanho da nossa Lua em relação à Terra. E o mais interessante disto é que o “planeta Lua”, está à mesma distância do Sol que nós, está dentro da chamada Zona Habitável, deveria ter assim condições para ser como a Terra, cheia de água e vida… e na verdade é o completo oposto. É algo em que devemos pensar, antes de ficarmos entusiasmados por encontrar exoplanetas em “zonas habitáveis”.
– na página 60, diz que é mais provável ganharmos a lotaria do que sermos atingidos por um meteoro, e é mais provável sermos atingidos na cabeça por um meteoro do que por um relâmpago. Por isso, o prémio mais apetecível é mesmo apanharmos com um relâmpago 🙂
– na página 67, conta a história de Sarah Ann Henley, de 22 anos, que se tentou suicidar ao atirar-se da ponte. Mas os vestidos da altura, 1885, funcionaram como um pára-quedas, e salvaram-na. Ela viveu até aos 85 anos.
– na página 71, explica de forma super-simples as fases e os períodos orbitais da Lua.
– na página 91, explica a reclassificação de Plutão de forma directa.
– na página 93, escreve que o Sol é tão grande que podemos colocar 1 milhão e 300 mil Terras dentro do Sol.
– na página 95 e seguintes, explica o mito de Marte tão grande como a Lua no céu.
– na página 105, fala do filme Contacto!
– na página 120, diz que a densidade de uma estrela de neutrões é equivalente a ter toda a gente no mundo comprimidos dentro de um torrão de açucar.
– na página 126 e seguintes, condensa a aventura espacial do Homem.
– nas páginas 150, 151 e 152, explica como a atmosfera mais rarefeita e sobretudo estar tão longe do centro da Terra (equador e altitude), fez com que se quebrasse o recorde do salto em comprimento.
– nas páginas 154, 155 e 159, explica as escalas.
– nas páginas 175 e seguintes, explica a passagem de asteróides e cometas aqui perto, incluindo um que passou em 1989 e só foi detectado após passar perto da Terra, e refere Charles Messier, Tunguska, cometa Halley, Edmond Halley, o Grande Cometa de 1680 com uma cauda que ocupava grande parte do céu (visão aterradora!), o Dilúvio Bíblico supostamente, e erradamente, causado pelo cometa Halley (p. 186), Mark Twain (p. 188 e 189), Apocalipse (p. 201), etc.
– na página 183, poeticamente chama os cometas de viajantes no tempo 🙂
– na página 191 e 192, fala de 1910, um ano em que os vigaristas pseudos fizeram montes de $$ a vender pílulas, máscaras de gás, etc, às pessoas para elas se salvaram dos gases nocivos do cometa Halley. Algumas pessoas suicidaram-se, havia missas por todo o lado… enfim, o pânico geral provocado por profetas da desgraça para vigarizarem as pessoas. Exactamente a mesma coisa que acontece actualmente com o cometa Elenin – os vigaristas nem sequer são criativos, nem precisam, porque há pessoas que caem nas mesmas vigarices.
– na página 193 e seguintes, fala das mentiras sobre 2012, e das razões para não termos medo da Profecia Maia.
– na página 202 acaba com este pensamento fantástico (também referido pelo Bryson na página 3): só estamos aqui porque todos os nossos antepassados viveram tempo suficiente para encontrar alguém atraente para acasalarem… incluindo os nossos antepassados anfíbios e alguns deveriam ser bem horrorosos.

Não gostei da organização do livro em alguns sítios, no que me parece serem menções desfasadas do sítio onde foram incluídas. Exemplos: página 33 falar de Thomas Kuhn, página 34 falar de Jules Verne (passou de Copérnico, Galileu, Tycho, Kepler, Newton, para Kuhn e Verne); página 45 ter o tema do relógio do Sol a seguir ao vaivém espacial, página 47 ter telescópios numa secção sobre a conquista humana do espaço (ir mesmo lá); página 161 começar uma secção sobre crenças históricas (começando com a referência a Stonehenge e Évora) quando História tinha sido a 3ª secção (p. 21 e seguintes), página 169 falar dos Lusíadas mas parece-me que faltou uma melhor explicação do porquê de se falar disso, assim como sobre o Fernando Pessoa a partir da página 170.
Na página 167, não sei se se percebe bem a Precessão dos Equinócios. Acho que faltou incluir uma imagem para se tornar mais claro.
Na página 58 encontrei um erro. Por todo o livro só encontrei um erro, o que é notável. Lá é dito que o sistema solar existe há biliões de anos. Na verdade é somente há cerca de 4,5 mil milhões de anos 😉

Concluindo: é um livro que recomendo vivamente, sobretudo para curiosos, interessados, e principiantes na ciência que estuda o Universo 😉

5 comentários

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  1. Eu adorei o livro, apesar da maioria dos conteúdos não serem uma novidade.
    Acho que a apresentação estava muito boa, e as pequenas historias/curiosidades em caixa é de facto original. Mais importante ainda, a escrita é muito acessível e as analogias fantásticas,adorei a das bolas e do sistema solar, é muito mais fácil conceber as distancias nestes termos do que em anos luz.
    E estava a esquecer-me, estava habituada aos livros da Gradiva, quase todos com imagens a preto e branco e este tem tudo a cores, é deveras mais interessante e chamativo.
    Acho que o Pedro está de parabéns pelo seu contributo, e precisamos de mais livros deste género feitos em portugal.

    1. Nem me tinha lembrado das cores das imagens 😉
      Mas sim, as imagens estão espectaculares, como a Nebulosa do Anel… e mesmo até aquelas que estão a “preto e branco”, como as fases da Lua 🙂

  2. O suposto erro da pag 58 depende da nacionalidade do autor. Se for brasileiro, ele não dirá 4,5 mil milhões e sim 4,5 bilhões de anos.

    1. o autor é português 😉

        • Manel Rosa Martins on 06/09/2011 at 01:45

        E sendo Português, pode perfeitamente adoptar a nomenclatura americana em vez da Francesa. Em questões de Economia e Finanças até deve adoptar sempre a americana, para não se escreverem complicações e assim se violar a regra de oura de simplicidade e de objectividade da escrita.
        A Economia dos EUA é de 13 triliões de dólares ou é de 13 mil de mil milhões de dólares? Talvez Portugal adopte de vez a nomenclatura clara quando atingir daqui a muitos anos o tamanho actual da Economia do Brasil. Em termos formais de linguística o critério do Pedro está perfeitamente correcto, mas concedo que deveria estar explicita a sua adopção, para o leitor ficar bem apetrechado (como uma das notas de final de livro, por exemplo). Não tenho ainda o livro, mas vou ter :))

  1. […] – Um Mundo Deste Tamanho […]

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