Este fim de ano poderá ser o pior de sempre. Não me refiro ao fim do mundo, no dia 21. Com isso posso eu bem, mas tenho algumas dúvidas. Há uns meses, fiz uma actualização ao meu calendário onde são apresentados os dias em que o mundo irá acabar. Reparo que há mais fins do mundo do que feriados.
Os dias de festa são importantes para no dia seguinte ficar de ressaca e colocar um dia de férias. O dia do fim de ano é, também, essencial pois marca o fim e o início de mais um ciclo e o fim do mundo é essencial por tudo o que acarreta. Fico sem saber se devo colocar férias para a ressaca do dia a seguir ao fim do mundo. Ou será que não vale a pena tirar férias por ser fim do mundo?
Dia 7 de Março, uma poderosa erupção solar teve lugar. Foi forte e provocou belas auroras no dia seguinte. O ciclo solar é de 11 anos e em 2013 atingiremos o pico de actividade solar, com erupções solares violentas. No entanto não há que ter receio pois o pico de 2005 foi mais forte e nada de mais aconteceu além de apagões e alguns problemas com satélites. Neste pico, com explosões algo fortes as auroras têm ocorrido, no hemisfério norte, até perto da latitude portuguesa e, no hemisfério sul, no Oceano Índico, entre o arquipélago das ilhas Kerguelen e o sul da Austrália.
Contei mais de 10 fins do mundo diferentes para o dia 21 deste mês. Com tanto desastre proclamado não sei por onde vai começar a festa e tenho pena de perder parte dela. Se começar com um tsunami e eu estiver ao pé de um vulcão? E se começar com uma mega flare solar e eu estiver num sítio que é de noite? E se começar com um mega vulcão e eu estiver na praia à espera do tsunami? São questões inquietantes. É necessária alguma organização neste evento e sinto que ela é escassa ou nenhuma. Podemos perder parte do espectáculo só por não haver um programa de festas elaborado.
Mas o que mais me inquieta é a inversão dos pólos. Caramba, se fosse depois do natal não havia problema. Vamos ter um pai natal a vaguear desorientado? Já que falamos em inversão de pólos, pior será se ele tiver de se mudar para o outro pólo. Foi tanto dinheiro investido e agora vamos ter um natal sem prendas. Que a inversão fosse no dia 25 não fazia mal, já que é feriado e está toda a gente entretida com a reposição dos filmes da SIC ou da TVI.
Como é normal nestas alturas há muita gente que diz que é agora que o mundo acaba, seja pelo calendário Maia, pelo planeta Nibiru, pelas cartas do professor Birimbau ou pela imagem vista numa torrada com manteiga. A imaginação é muita. Contudo há uma curiosidade: o calendário gregoriano sofre alterações desde há muitos anos. Chamamos-lhe “ano bissexto” e é um factor de correcção de um calendário. Os Maias não apresentavam nenhum factor deste género no seu calendário, pelo que, sem o dia extra a cada 4 anos estaríamos hoje em Agosto de 2013. O desfasamento entre os dois calendários já vai em 7 meses.
Não há que ter medo de um povo (Maias, mexicanos) que se diverte com o que nunca disse ao mundo. Não há que ter medo de um calendário tão cíclico como o nosso e mais arcaico que o nosso. Nem há que ter medo do sol… a não ser daqui a 5 mil milhões de anos, quando ampliar enormemente o mundo acabar. Digo eu.
Inquieta-me saber que as pessoas, neste momento, têm mais medo do fim do ano do que do fim do mundo. E deixa-me triste saber que o Pai Natal poderá andar perdido pelo mundo por os pólos estarem doidos e por poder perder o emprego.
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Referente ao título deste post parece que há produtos que têm sempre mercado, mesmo não fazendo qualquer sentido. Vemos um mercado crescente em produtos homeopáticos e em ideias enganadoras como os fins do mundo. As pessoas gostam de sentir medo, por isso mesmo alguns dos melhores filmes são sobre terror e mistério. As pessoas pagam para ter algo novo, não interessa se não funciona. É aquela ideia de “porque não experimentar?”.
Já tive uma ideia de promover uma técnica de diagnóstico baseado em folhas de papel e água especial. Talvez ganhe dinheiro com isso. A ideia é fazer um estudo prático em como as pessoas acreditam e pagam por tudo. As ideias do fim são um contínuo. Como nunca há fim a sério, há negócio do fim eterno.
4 comentários
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O artigo está interessante mas a parte do desfasamento entre os calendários devido aos anos bissextos não faz sentido. Na verdade, ao fazer o cálculo para saber a que dia do nosso calendário corresponde determinada data do calendário Maia, já se entra em linha de conta com essa informação. Assim, o dia 13.0.0.0.0 do calendário Maia “long count” corresponde de facto ao nosso 21 de Dezembro de 2012. (Ou a 23 porque há duas possibilidades de correspondência que diferem em 2 dias e não se sabe com certeza qual a correcta).
Por outras palavras, se não tivéssemos anos bissextos e estivéssemos em Agosto de 2013, o dia 13.0.0.0.0 seria na mesma hoje.
Como podia eu não gostar de AstroPt e não lhe desejar um futuro próspero para, pelo menos, atenuar tanta ignorância que anda por aí desenfreada e esclarecer os que confiam na Ciência?!!!
Tudo de Bom AstroPt!!!!
“Com tanto desastre proclamado não sei por onde vai começar a festa e tenho pena de perder parte dela. Se começar com um tsunami e eu estiver ao pé de um vulcão? E se começar com uma mega flare solar e eu estiver num sítio que é de noite? E se começar com um mega vulcão e eu estiver na praia à espera do tsunami? São questões inquietantes. É necessária alguma organização neste evento e sinto que ela é escassa ou nenhuma. Podemos perder parte do espectáculo só por não haver um programa de festas elaborado.”
LOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL 😀
Reparei que no desenho que abre esta crónica, a figura que representa Deus entorna o frasco inadvertidamente, mas a maior parte dos imbecis cai sobre os Estados Unidos…
Acho que isso explica muita coisa 😀