Distrito 9

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Este filme de Peter JacksonDistrict 9 – é muito bom!

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Em Março de 1982, há cerca de 30 anos, os extraterrestres chegam à Terra numa enorme nave.
Os humanos esperavam um ataque invasor ou uma troca de tecnologia bastante avançada, mas nada disso aconteceu.

Os extraterrestres chegam à Terra como refugiados.
Foram colocados no Distrito 9, uma favela militarizada na África do Sul.

Os extraterrestres vivem em condições precárias, são tratados como “cidadãos de segunda”, e têm o apelido depreciativo de “camarões“, devido à sua fisionomia e devido a um determinado grilo da África do Sul que é considerado uma peste.
Há 30 anos que lutam por melhores condições ou então por voltarem ao seu planeta.

A empresa militar Multinational United (MNU), que foi contratada para controlar os extraterrestres, tem na verdade um objetivo mais sinistro: tentar fazer funcionar o armamento extraterrestre, de modo a poder ter lucro e controlar o mundo.
A chave para esse funcionamento é o DNA dos extraterrestres.

Enquanto o mundo discute o que fazer com os alienígenas, um agente contratado pela MNU para deslocalizar os alienígenas (com ordens de despejo) é infetado com um vírus misterioso (este fluído é o combustível da nave alienígena).
Wikus, o agente, tem um líquido negro a sair dele próprio e o seu braço esquerdo transformou-se num braço extraterrestre.
Devido ao seu DNA estar contaminado com DNA extraterrestre, ele apercebe-se que consegue operar armamento alienígena.
A empresa MNU quer Wikus para usar essa capacidade, e por isso envia uma caça ao homem.
Ele encontra um lugar para se refugiar: no Distrito 9, junto dos extraterrestres.

Wikus une-se a um extraterrestre. Em troca de recuperarem o misterioso líquido negro dos escritórios da MNU (de modo aos humanos não ficarem com esta tecnologia e o alienígena poder utilizar este fluído como combustível na nave), o alienígena promete curar Wikus.
No entanto, a cura demoraria 3 anos. Wikus não sabia que tinha que esperar tanto tempo até ser curado, por isso vira-se contra o alienígena.

O alienígena consegue ativar a nave-mãe e deixa a Terra.
Enquanto isso, Wikus transforma-se totalmente num alienígena, e espera que passem os 3 anos, para que o alienígena volte e o cure.

Entretanto, as experiências ilegais e os objetivos sinistros da MNU são expostos.
E o grupo de refugiados alienígenas é relocalizado no Distrito 10.

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Como qualquer filme de ficção científica, também este é uma análise social à humanidade.

Este filme, na verdade, não é sobre extraterrestres, mas sim sobre a xenofobia e a segregação social.
O título do filme é uma referência ao Distrito 6, durante o apartheid na África do Sul.

O próprio estilo do filme, de falso documentário, com entrevistas, noticiários, e vídeos de câmeras de vigilância… tudo fictício, contribui para termos a sensação de que aquilo se passou mesmo. E passou-se, não com extraterrestres, mas sim com humanos.

Os próprios placards expostos por toda a região são baseados em placards reais que diziam “whites only”, entre outras imbecilidades.

As ordens de despejo que os alienígenas recebem, nas condições precárias em que viviam, também foram baseadas na realidade. O objetivo é mantê-los afastados do resto da população.

Basicamente, os “humanos” (“brancos”) consideram-se civilizados. E querem que todos os outros, que eles consideram não-civilizados, se afastem.

Além de não quererem misturas, existe uma outra menção no filme que me pareceu relevante. Diz um humano que o melhor era fazer um vírus seletivo que atacasse os “camarões” e matá-los a todos. Assim, os “humanos” deixariam de ter este problema de terem que lidar com seres diferentes deles. Esta seleção, de matar quem é diferente, não se passou só no apartheid mas é uma das marcas do nazismo.

No filme existiu especismo. Na realidade humana existiu racismo e xenofobia.

Como disse Chris Mikesell: “Neste filme, substituam a palavra “camarão” por “negro”, “asiático”, “mexicano”, “ilegal”, “judeu” ou qualquer outro rótulo alguma vez colocado por um humano sobre outro humano, e encontram a verdade escondida deste filme.”

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O filme foi fortemente aclamado pela crítica e pelos espetadores.
É realmente um filme brilhante.

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O que gostei mais:
– a história.
– a forma como o filme foi filmado: fez-me lembrar o estilo “reality” do Blair Witch Project. No entanto este é mais estilo “falso documentário”.
– o início: normalmente os extraterrestres vêm à Terra para nos invadir, para nos avisarem de perigos ou para nos ajudarem. Este filme fugiu a todos esses clichês.
– o final: ficou em aberto para interpretações… ou para um 2º filme.
– a parte social: percebe-se que é uma crítica social ao Apartheid.
– o facto do filme dar a entender que as corporações multinacionais se movem por objetivos obscuros, de controlo e de poder.
– o facto do filme se passar em Joanesburgo, África do Sul, e não em Nova Iorque, Califórnia, ou qualquer outro sítio dos EUA.
– achei interessante que à medida que Wikus se tornava fisicamente mais alienígena, mais a essência dele se tornava humana: deixou de ser o burocrata inocente seguidor de ordens, para ter um lado mais afetivo.

O que gostei menos:
– os nigerianos: porque os puseram num filme na África do Sul?
– porque os ETs chegarem à Terra não é um “problema” mundial? O filme dá a entender que é local.
– os extraterrestres humanóides: têm pernas, têm braços, têm cabeça com olhos nos “sítios certos”, têm uma linguagem parecida com algumas tribos, e respiram bem o nosso ar (que tem uma composição específica de azoto, oxigénio, dióxido de carbono, etc).
– a tecnologia “low-tech”: as armas ETs são bastante normalzitas, em tudo parecidas com as humanas. As naves ETs parecem as nossas, mais mais redondas e maiores, senão eram iguais. ETs que conseguem viajar entre estrelas e que por isso estão centenas de anos mais avançados que nós, só têm tecnologia “touch-screen”? Não faz qualquer sentido. Nós daqui a poucos anos já teremos essa tecnologia touch-screen em literalmente todo o lado, como pudemos ver no vídeo neste post. Nós daqui a centenas de anos não precisaremos dos braços/mãos para dar ordens, sendo que os “computadores” da altura serão controlados pelo cérebro. Daí que não faz sentido o atraso tecnológico destes ETs que conseguem viajar entre estrelas.

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O filme é excelente! Recomendo-o fortemente!

2 comentários

  1. “os extraterrestres humanóides: têm pernas, têm braços, têm cabeça com olhos nos “sítios certos”, têm uma linguagem parecida com algumas tribos, e respiram bem o nosso ar (que tem uma composição específica de azoto, oxigénio, dióxido de carbono, etc)”

    Por isso eles vieram para nosso planeta, e não para Marte, Europa, Encélado ou para outro planeta habitável com composição atmosférica diferente.

    “a tecnologia “low-tech”: as armas ETs são bastante normalzitas, em tudo parecidas com as humanas. As naves ETs parecem as nossas, mais mais redondas e maiores, senão eram iguais. ETs que conseguem viajar entre estrelas e que por isso estão centenas de anos mais avançados que nós, só têm tecnologia “touch-screen”? Não faz qualquer sentido. Nós daqui a poucos anos já teremos essa tecnologia touch-screen em literalmente todo o lado, como pudemos ver no vídeo neste post. Nós daqui a centenas de anos não precisaremos dos braços/mãos para dar ordens, sendo que os “computadores” da altura serão controlados pelo cérebro. Daí que não faz sentido o atraso tecnológico destes ETs que conseguem viajar entre estrelas.”

    Eles são refugiados, provavelmente não puderam levar muita coisa e provavelmente são pobres. Tecnologia é um conjunto de técnicas. Não é porque ela evolui que técnicas ultrapassadas deixam de ser usadas. Os discos de vinil e os rádios estão aí até hoje. Como são refugiados, provavelmente ficaram com a tecnologia mais ultrapassada de sua civilização. Além disso, não é porque uma civilização consegue viajar as estrelas que seus tripulantes, necessariamente, irão dominar toda tecnologia da nave. Uso a internet e não sei como ela funciona e não saberia construir um computador. Um astrônomo não sabe como construir um caça supersônico ou uma bomba atômica. Nenhum ser vivo dominará todos os conhecimentos científicos de sua civilização ainda que tenha todos eles disponíveis em uma rede de computadores ou um pen drive.

  2. Mais surpreendente do que a tecnologia dos Poleepkwa em D9, e o comportamento deles. Para uma raca tao avancada e de espantar que se comportem de forma tao barbara. Deu-me a impressao de que talvez a nave que os transportava seria de transporte de uma parte menos civilizada da populacao Poleepkwa.

    Quando as naves e maquinas deles, nao foram nada de novo na maioria, mas adorei as armas. Nao podemos partir do principio que a tecnologia se tenha desenvolvido da mesma maneira que se desenvolve por ca. Talvez o touch screen seja o producto de pouca procura no desenvolvimento da interface com as maquinas? :p

    Mas o que e estranho realmente e a fisiologia dos prawns (lol, "camaroes"). Tem as mesmas proporcoes que um humano, mas depois e uma mistura estranha entre um insecto e um camarao, e tem ainda garras nos pes, como um felino (apesar de ter tentaculos nas maos e na cara), para nao falar da articulacao extra nas pernas.

    Nao faz o minimo sentido, mas se ignorarmos o processo evolucionario duvidoso, diria que este sera um dos melhores filmes do ano. Adorei, e mal posso esperar que saia ca nos cinemas para ir ver mais umas vezes.

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