(imagem por Fahad Sulehria)
As explosões de raios gama (Gamma Ray Bursts — GRBs) são um dos fenómenos mais energéticos e efémeros (alguns minutos apenas) observavéis no Universo.
A natureza dos GRBs foi um mistério desde a sua descoberta nos anos 60 até que, na década passada, se estabeleceu a sua grande distância e luminosidade.
A associação entre GRBs e supernovas de um tipo especial (tipo Ic) foi também notada e levou ao modelo do “colapsar” até hoje o mais consensual para explicar o fenómeno.
Neste modelo, a região central de uma estrela maciça sofre um colapso gravitacional do qual resulta a formação de um buraco negro.
O processo exacto de formação do feixe de raios gama observado é ainda alvo de muita discussão.
No modelo mais aceite, algum do plasma que forma a estrela permanece em órbita do buraco negro e é aquecido a temperaturas elevadíssimas por um fluxo de neutrinos muito energéticos formados durante o colapso. O disco em rotação e sobre-aquecido liberta um feixe de raios gama que colide com as camadas exteriores da estrela em expansão (lembrem-se, o colapso gravitacional resultou na explosão da estrela).
No entanto, este modelo não é consistente com as observações realizadas pelo observatório espacial SWIFT. De facto, parece que o processo que dá origem aos feixes de raios gama se mantém em funcionamento durante demasiado tempo para poder ser atribuído ao sobre aquecimento do disco em torno do buraco negro.
Um grupo de matemáticos da Universidade de Leeds, no Reino Unido, sugeriu em Setembro de 2009 um novo e extraordinário modelo que está de acordo com as observações do SWIFT.
Segundo o dito, o feixe de raios gama é energizado directamente pelo campo electromagnético do buraco negro no interior da estrela. Para que este mecanismo funcione é necessário que o núcleo da estrela, no momento do colapso, esteja a rodar a uma velocidade vertiginosa. Essa rotação retarda o suficiente o colapso gravitacional (a força centrífuga contraria a gravidade) para explicar a longa duração dos feixes.
Os autores do estudo apontam uma forma particularmente eficiente e dramática de provocar um GRB segundo este modelo, que envolve uma estrela maciça e um buraco negro num sistema binário. Com o passar do tempo, a órbita do buraco negro decai, até que o buraco negro invade a estrela, começando a “devorá-la” até chegar ao seu centro. A velocidade de rotação da estrela aumenta até valores limites levada pelo puxão gravitacional do buraco negro que a “parasita”. Eventualmente o colapso gravitacional é desencadeado e forma-se um GRB de longa duração.
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