Ufa! Desta os venusianos já se safaram. E nós também. Este profeta de Minas Gerais estava convencido de que o planeta Vénus ia explodir a 11 de dezembro de 2012. Uma luz sairia do centro do planeta e atingiria a Terra, previu Danilo de Matos, acabando com todas as formas de vida. A única safa era aderir ao seu credo religioso e mudar-nos de armas e bagagens para Minas Gerais.
Dia 11 passou e ninguém deu por nada. Continuamos vivos. Aleluia!
Escusam de respirar de alívio, pois tenho más notícias: o profeta reviu as contas do rosário catastrófico e marcou uma nova data: 20 de dezembro. Por motivos alheios à nossa vontade de meros mortais e ao conhecimento do senhor Danilo, Vénus decidiu adiar por oito dias o momento em que encomendará a sua alma planetária ao Criador.
A explosão é só para a semana. Peço desculpa pelo incómodo.
Gostaria de saber o que pensa Danilo de Matos dos aldrabões que andam para aí a dizer que o mundo acaba a 21 de dezembro por causa de uma profecia dos Maias. Imagino que se sentirá revoltado por andarem a enganar assim as pessoas.
Tudo ao molho e fé em Zeus
Qualquer pessoa com dois dedos de testa já deve saber por esta altura que o calendário Maia não significa nada de extraordinário: vive de ciclos; subjacente ao conceito cíclico da passagem do tempo está uma ideia de continuidade incompatível com o fim do mundo. Acreditar na profecia Maia é tão absurdo como virar uma página de um calendário de cozinha e recear que o mundo acabe por causa disso.
Mesmo que os Maias tenham profetizado o fim do mundo, qual é o problema? Acaso a Medicina estuda o Livro dos Mortos dos Antigos Egípcios na esperança de aí descobrir o segredo da imortalidade?
Qualquer múmia vos diria que não.
O Danilo sabe muito bem que isso é tudo uma aldrabice e por isso fia-se mais no calendário metafísico judaico-cristão – este começa no zero e vai por aí fora, dia após dia, mês após mês, ano após ano, até terminar ao som de trombetas justiceiras no Dia do Juízo Final.
O terrível dia não foi marcado (como costumam fazer os ignorantes dos astrónomos quando preveem, com rigor matemático, o posicionamento dos objetos celestes no Espaço e no Tempo), portanto cada um é livre de criar a sua própria festa de fim do mundo e moer o juízo aos pobres pecadores. Quem terá razão, o Danilo dos 20 ou o gang Maia dos 21?
Se ao menos a Ciência também acreditasse
Se ao menos a Ciência se impusesse apenas pela fé e não pelos factos. Que bonito teria sido ouvir Newton: «Eu acredito na Lei da gravitação universal, irmãos».
Ao invés de uma Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, hoje teríamos uma Igreja da Gravitação Universal, todos os seus sacerdotes usariam perucas do século XVII e a cerimónia de batismo seria feita no topo do Empire State Building em estreita comunhão com o asfalto cá em baixo. Ámen.
Sabem, eu já perdi a pachorra para os maluquinhos do fim do mundo – é deixá-los grasnar. Se alguém é suficientemente estúpido para acreditar que 2012 significa o fim, a passagem para outro estado de consciência ou bocejologias New Age, então é porque as regiões do cérebro responsáveis pelo raciocínio lógico já deixaram de funcionar há muito. São tão intelectualmente perspicazes como os zombies do «The Walking Dead». É deixá-los vaguear pela Net até que a passagem do ano lhes dê um tiro de misericórdia.
A característica delirante destas mentes catastrofistas, a incapacidade de compreender a natureza da Ciência e os dados astronómicos que tantas vezes declamam, lembram-me aquela velha anedota do ator canastrão que o Nelson Morais contou no Facebook:
um certo ator entrava na peça Hamlet, de Shakespeare, mas era tão mau, tão mau, que ao fim de 30 minutos as pessoas já se remexiam nas cadeiras, com dores na alma e nas nádegas.
Finalmente, quando chegou o momento de dizer o célebre «Ser ou não ser, eis a questão», o seu desempenho foi tão pobre, mas tão pobre, que as pessoas não aguentaram mais e começaram a vaiá-lo. «Estão a assobiar-me porquê?» — Reagiu o ator. – «Não fui eu que escrevi esta porcaria!»
3 comentários
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E mesmo quando 2012 terminar e absolutamente NADA de extraordinário acontecer, os pseudos ainda assim dirão que algo aconteceu, que foi uma “mudança etérea”, uma alteração de dimensão, um inicio de grandes mudanças…E o pior é que tem gente que vai acreditar neles…
“Ao invés de uma Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, hoje teríamos uma Igreja da Gravitação Universal, todos os seus sacerdotes usariam perucas do século XVII e a cerimónia de batismo seria feita no topo do Empire State Building em estreita comunhão com o asfalto cá em baixo. Ámen.”
LOLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL
😛
KKKKKKKKKKKK
A MELHOR!
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