Quando as pessoas inteligentes anunciam uma [nova] compreensão da base da realidade, o outro tipo de pessoas perguntam o porquê de se preocuparem com isso. E é impossível de responder, porque este tipo de pessoa pensa que “ser capaz de entender coisas” é elitista.
Quando as pessoas perguntam, “Qual é o objectivo de entender algo?”, elas desqualificam-se de imediato de utilizarem perguntas e deveriam desaparecer num puff de contradição. No entanto, elas não entendem e continuam a existir, sendo estas as suas duas únicas estratégias para a vida. Estes são os macacos que se sentavam no fundo da caverna a coçarem-se, enquanto reclamavam sobre a perda de tempo que era bater pedras umas contra as outras. Excepto que nesse tempo eles tinham uma desculpa melhor para as suas testas inclinadas e para se coçarem em público.
Luke McKinney, Cracked.Com
Sempre que é anunciado algum avanço científico, inovação tecnológica ou a exploração de uma nova fronteira, é impossível não reparar num determinado tipo de comentários infelizes. Podemos até tentar ignorá-los, mas a verdade é que eles estão sempre lá, desde as brumas da memória, como emplastros omnipresentes que tentam assassinar a curiosidade e imaginação humanas. “Bater com pedras para fazer faíscas é um desperdício de tempo”. “Agricultura é uma parvoíce, sempre recolhemos tudo da floresta”. “Para que servem essas rodas se a carroça anda bem de rojo pelo chão? Estás só a armar-te em bom!”.
Por incrível que possa parecer, há gente que acha que tentar desvendar os mistérios da vida e do Universo é um enorme desperdício de tempo e dinheiro. Uma posição tão difícil de entender como aquele formidável malabarismo de lógica, em que uma mãe proclama que comer brócolos é uma obrigação moral do filho uma vez que algures no mundo uma outra criança está a passar fome. Um paradoxo que se acentua ainda mais, atendendo ao facto mais que certo, de que todos os dias utilizam os frutos da curiosidade que tanto parecem abominar.
Os comentários que vou mostrar a seguir foram retirados de sites de notícias sobre a missão da Curiosity nestes últimos dias, tanto em Portugal como no Brasil, mas podiam ter sido facilmente tirados das recentes notícias no bosão de Higgs e do CERN, ou de qualquer outro passo importante dado pela ciência. É de referir que uma destas pessoas deu-se ao trabalho de deixar a sua opinião de que a Curiosity não serve para nada em pelo menos cinco notícias sobre o assunto, inclusive de jornais diferentes. Para algo “sem importância” parece chamar-lhe demasiado a atenção.
“Qual é o objectivo? Isto não serve para nada”
Reza à lenda que quando Michael Faraday apresentou a sua descoberta da electricidade à rainha Victoria, esta lhe perguntou para que servia, ao que ele retorquiu: “Senhora, para que serve um bebé?” Ele não poderia sequer imaginar as aplicações práticas da electricidade e do magnetismo. E no entanto, hoje não podemos imaginar a nossa vida sem elas.
Quando Isaac Newton se dedicou a entender a natureza do arco-íris, alguns poetas como Jonh Keats, declaram que ele estaria a arruinar a beleza do arco-íris. O que é absurdo, ninguém deixa de apreciar a beleza de uma flor por saber como funciona o ciclo reprodutivo dessas plantas. Pelo contrário, saber como as coisas funcionam, permite-nos tomar consciência da verdadeira complexidade da realidade e apreciá-la em todo o seu esplendor. Ninguém na altura poderia prever que frutos daria aquele simples acto de curiosidade. As novas perguntas, as novas áreas de saber e a nova tecnologia. A espectroscopia é descendente directa das experiências de decomposição da luz que Newton realizava, uma técnica com aplicações em áreas tão distintas como a saúde e a astronomia. O mesmo princípio que permite examinar o nosso sangue quando temos de fazer análises, possibilita também estudar a composição química de estrelas longínquas e, por extensão, o seu passado e o seu futuro.
As inovações e benefícios da investigação científica são muitas vezes imprevisíveis, precisamente porque a ciência opera na fronteira do desconhecido. Mas podem crer que os benefícios serão sempre imensos, derivando tanto das descobertas em si, como do desenvolvimento da tecnologia necessária para as alcançar. Só relativamente à exploração espacial, existem numerosas aplicações práticas que utilizamos todos os dias, muitas das vezes sem nos apercebemos de onde vêm. Já falámos delas aqui.
De cada vez que é feito um investimento na ciência, seja em que área for, podem ter a certeza absoluta que isso irá traduzir-se em riqueza, excedendo em muito o investimento inicial. Mesmo que não gere empregos imediatamente, e a missão da Curiosity gerou sete mil, podem ter a certeza que vai criar oportunidades de trabalho para os vossos filhos e netos. Há algumas décadas atrás quem pensaria que seria possível monetizar a Internet?
“Qual é o objectivo? Isto não serve para nada” – Versão Miss Universo
Temos de adorar a lógica dos falsos moralismos. E o computador que estão a usar? Parece-me uma grande futilidade quando há pessoas a passar fome, especialmente tendo em conta que só é utilizado para espalhar disparates e não para aprender. Francamente, estou admirado por a ciência não ser culpada por isto também.
Como é possível achar que o dinheiro que se gasta na exploração espacial ou em qualquer outro projecto científico, é que está a impedir que se acabe com a miséria e a fome no mundo? Não terá antes a ver com políticas, ideologias, corrupção e os conflitos inerentes a estes factores? Aqui podemos ver a fatia ridiculamente insignificante do orçamento norte-americano que é destinada à NASA. E olhando ainda para os gastos que os países têm com as suas forças armadas vs a ajuda externa, ficamos com uma ideia das prioridades dos governos (e por extensão, das pessoas que votam neles). E que tal os 12 mil milhões de euros gastos nos Jogos Olímpicos de Londres? A NASA foi a outro mundo com menos 10 mil milhões que isso.
Em 1970 uma freira escreveu uma carta a Ernst Stuhlinger, o então director científico do Marshall Space Flight Center da NASA, a perguntar como ele podia sugerir que se gastasse milhares de milhões de dólares no desenvolvimento de uma missão tripulada a Marte, quando tantas crianças estavam a passar fome na Terra. A sua resposta cordial e reflectiva continua tão actual como sempre, tendo sido mais tarde publicada pela NASA sob o título “Porquê explorar o espaço?”, e que pode ser lida na íntegra aqui.
A ciência já contribui para acabar com o flagelo da fome, mas é claro que a única coisa que pode fazer é contribuir para a resolução dos problemas relacionadas com a produção e conservação dos alimentos. A distribuição justa desses mesmos alimentos é algo a que é completamente alheia.
Ainda assim, sendo o tema o papel da ciência no combate à fome, ou se eu tivesse de escolher um dos melhores seres humanos que alguma vez caminhou à face Terra, assim do topo da minha cabeça, escolheria sem grande dúvida um senhor chamado Norman Borlaug. Enquanto os pessimistas do costume andavam a bradar aos céus por não existir comida suficiente para todos, Norman Borlaug arregaçou as mangas e meteu-se a viajar pelo mundo para ajudar as populações de países como o México, Índia e Paquistão. Com os seus conhecimentos de melhoramento genético, que permitiram a criação de novas cultivares de trigo de maior rendimento, e em conjunto com a introdução de práticas de agricultura moderna, conseguiu praticamente duplicar a produção deste cereal na Índia e Paquistão, e ainda tornar o México num país exportador de trigo. É frequentemente creditado pelo salvamento de mais de mil milhões de pessoas da fome, tendo por isso recebido o Prémio Nobel da Paz em 1970. Tudo isto graças à ciência. E eu aposto que a maioria das pessoas nunca sequer ouviu falar dele. Aliás, algumas até pretendem destruir o trabalho que ele começou.
“Qual é o objectivo? Isto não serve para nada” – Versão Cancro
Não faz sentido algum mandar os cientistas pararem com tudo aquilo que estão a fazer e concentrarem-se apenas em curar o cancro. Primeiro, porque como já vimos, as descobertas mais fantásticas surgem muitas vezes da investigação básica, sem qualquer objectivo prático em mente. Segundo, porque nunca vai ser possível curar “o” cancro, porque para começar existem vários tipos de cancro, com causas distintas, que por isso exigem terapias distintas. Aliás, no mesmo doente existem células cancerígenas com uma composição genética distinta.
Se fosse fácil já teria sido feito. Mas havemos de chegar lá, todos os anos as taxas de sobrevivência aumentam, precisamente devido a investigação e desenvolvimento de novos fármacos, terapias e meios de diagnóstico precoce. E independentemente do que dizem os teóricos da conspiração, a indústria farmacêutica não tem qualquer interesse em esconder a cura do cancro, já que as patentes, cuja validade se estende durante décadas, irão garantir lucros obscenos a quem conseguir desenvolver uma terapia totalmente eficaz contra qualquer tipo de cancro.
“Isto é tudo mentira, a mim ninguém me engana!”
A confraria dos chapéus de folha de alumínio não poderia deixar de marcar presença sempre que o assunto seja a exploração espacial e especialmente a NASA. Quais Dom Quixotes da era digital, a lutar contra monstros que se escondem nas sombras e cuja única ambição de vida é enganá-los. Depois da revelação da VERDADE™ num qualquer site escrito com 12 tamanhos de letra diferentes, 6 cores distintas e uma quantidade desconcertante de CAPS LOCK, tornam-se em cavaleiros solitários, para sempre condenados a carregar o peso do mundo às costas. O profeta original ninguém o conhece. Presume-se que tenha sido eliminado após ter chegado demasiado perto da VERDADE™. Suspeita-se de uma ordem secreta de invasores reptilianos adoradores de Satã.
É claro que existem verdadeiras “conspirações” no mundo, uma das mais famosas foi o caso Watergate. Mas as teorias da conspiração, como as que conhecemos na internet, baseiam-se muitas vezes na associação de factos completamente díspares de forma a criar padrões onde nenhuns existem. Acabando por atingir níveis de incoerência e complexidade que simplesmente as tornam impraticáveis.
De todas as formas de negacionismo, tendo em conta a enorme quantidade de evidências disponíveis, a recusa em acreditar que o homem foi à Lua é das mais aberrantes ao nível de dissonância cognitiva que existe. Ao mesmo tempo é possível acreditar que a ida à Lua é um feito tecnológico demasiado complexo para ser possível, mas que a ida a Marte por teletransportação é tão corriqueira como andar de bicicleta. É possível acreditar que os conspiradores são tão inteligentes e poderosos que conseguem silenciar toda a gente no mundo e forjar qualquer tipo de prova, mas que, simultaneamente, esqueceram-se de fechar a porta do estúdio de filmagens deixando uma corrente de ar entrar.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=U8OYNBmm4YY?rel=0]
Qualquer prova que lhes seja mostrada é sempre tomada como evidência, não de que estão errados, mas de que a conspiração é ainda mais profunda e complexa do que pensavam anteriormente. A única forma de convencer um teórico da conspiração a abdicar das suas certezas, é oferecer-lhe uma outra teoria da conspiração ainda mais inacreditável. É precisamente o tipo de mentalidade que torna alguém num alvo perfeito para os aldrabões deste mundo, que como é natural dizem apenas aquilo que as pessoas desejam ouvir, fazendo-as sentir inteligentes e especiais. A informação está toda disponível de forma gratuita, mas como aquilo que os move não é a curiosidade genuína, mas simplesmente a vontade de se sentirem especiais, procuram exclusivamente as fontes que suportam as suas convicções.
Mas nem tudo são más notícias
Não precisam de perder a esperança na humanidade. Felizmente haviam também bastantes pessoas prontas a chamar a atenção para os disparates que estavam a ser ditos e que guardei propositadamente para o fim. Estes são apenas alguns exemplos.
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O Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo produziu um vídeo homenageando o cientista Norman Borlaug, que completaria 100 anos em 2014. Vídeo sintetizado pelo MelodySheep (Symphony of Science).
https://www.youtube.com/watch?v=NQDG1O7cmIs
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Obrigado a todos.
Aqui ficam mais dois posts sobre o mesmo assunto pelo Carlos Oliveira:
http://www.astropt.org/2012/08/16/perspectivas-de-custo/
http://www.astropt.org/2012/08/16/vantagens-do-curiosity/
Olá Marco,
Ainda não tinha tido tempo para ler este post (ainda me faltam 15 dias de leitura de posts 😉 )…
Fantástico post! 😉
E que tal também todo esse dinheiro que está sendo gasto com a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de 2016? já são 40 bilhões de dólares só na copa até agora e esse valor continua a aumentar por causa de atrasos na obras,e todas essas obras que estão sendo feitas? vocês acham que não tem políticos e empresários que estão desviando milhões de reais para que essas obras sejam feitas?
Com MUITO menos dinheiro do que esse que está sendo jogado fora, a ciência faz coisas históricas como mandar um robô a explorar outro mundo e nos ajudar a entender o significado da vida.
Muito bom e muito complecto.
Meus parabens Marco pelo excelente post.
Excelente post! Dos melhores que já vi neste blog.
Tenho que admitir que se não fosse a NASA, Carl Sagan, vários outros cientistas, e em certa parte também este mesmo blog, eu hoje em dia não seria tão interessado em ciência e no desconhecido.
Certamente que não teria escolhido envergar pela ciência na faculdade e não teria batalhado na àrea da Matemática (na qual até ao fim do ensino secundário tinha sempre notas negativas, e actualmente, tantos nas disciplinas de Física como de Matemática, sou dos melhores alunos do meu curso).
Hoje em dia não imagino como seria o meu dia-a-dia sem este interesse que tenho em ciência.
Actualmente tento sempre que posso cativar familiares, amigos e conhecidos sobre a importância da ciência para a nossa espécie. Conto-lhes por exemplo histórias de como Newton, Faraday, Einstein e muitos outros tornaram o desconhecido no conhecido, e a influência que aparentemente muitas equações matemáticas e físicas parecem não ter sobre a nossa vida, mas que afinal são a razão pela qual hoje em dia temos muitas da coisas que nos parecem normais e sem as quais hoje em dia não conseguiriamos viver.
Apenas fico de certa forma triste quando por vezes, sem razão aparente, várias pessoas culpam a ciência por coisas que não conseguem explicar, ou porque entra em conflito com as suas crenças (nomeadamente o início da biblia quando dizem que deus criou tudo, uma ideia que entra em total conflito com a história do Cosmos, do nosso Planeta e até mesmo da nossa espécie), ou simplesmente por estão aborrecidas e não têm nada a fazer, nomeadamente os chamados “pseudos”.
Aborrece-me também aquelas pessoas que simplesmente acreditam em tudo e não se interrogam em relação a qualquer assunto que seja. Neste caso os melhores exemplos que me vem à cabeça são os das conspirações do fim do mundo em dezembro de 2012 e aquele programa que passa no canal história sobre a “teoria dos astronautas ancientes”. Mas apenas as pessoas que são muito influenciáveis, não se questionam a si próprias sobre a veracidade das coisas, ou seja, que acreditam, tal como as crianças, em tudo os que lhes dizem acreditam realmente nisto. Outro exemplo é a conspiração que falaram neste post sobre a ida (ou neste caso não ida) à Lua.
Quanto às pessoas que dizem que a ciência não serve para nada, que dizem que a Matemática, Física, Química, Genética, e vários outros ramos da ciência nada lhes diz e que são insignificantes, o melhor exemplo de resposta que me ocorre é o referido neste post sobre Michael Faraday numa das suas apresentações sobre o electromagnetismo.
Hoje em dia quando olhamos à nossa volta é difícil olharmos para algo que não deriva da ciência e investigação ciêntifíca.
A ciência e tecnologia iram ter uma influência tão grande sobre a nossa espécie que muitas pessoas ainda não conseguem imaginar, mas que os descendentes provavelmente se iram questionar como foi possível esta mesmo ignorância em relação à ciência.
A ciência e tecnologia irão determinar o nosso futuro como espécie no nosso planeta, e , seguramente, também fora dele.
Continuem o bom trabalho!
Bernardo,
Poderá querer ler também este post:
http://www.astropt.org/2012/02/18/7-equacoes-que-governam-o-seu-mundo/
😉
abraços!
Carlos,
Já li o posto das 7 equações e está realmente muito bom. Aliás, só vem comprovar ainda mais o que eu já pensava sobre a importância da ciência na nossa sociedade. Obrigado pela dica.
Continuem o bom trabalho.
Abraço
Marco Filipe, parabéns pela frase:
“saber como as coisas funcionam, permite-nos tomar consciência da verdadeira complexidade da realidade e apreciá-la em todo o seu esplendor”
Com essa frase você sintetizou o sentimento que tenho pelo que é fazer ciência.
Bem apanhado 😉
Faço das palavras do Leo Augusto as minhas. 🙂
O problema dos pseudos é este: não sabem direcionar suas raivas para àqueles que detém o dinheiro, o poder e o repasse de recursos oriundo de impostos pagos por nós, maiores contribuintes.. Se querem erradicar a fome e a miséria do planeta que escolham melhor seus representantes nas próximas eleições em qualquer país deste mundo – e não culpem as agências espaciais por estarem fazendo seus trabalhos.
Magnífico artigo, Filipe. Parabéns!
Por um lado estes comentários entristeceram-me. Por outro quase que rebentava de riso. Vejam o lado bom, já fazemos viagens estelares, visto que Marte está a anos luz de distância. Por outro lado, dizer que crianças foram usadas em experiências de teletransporte e o resultado foi terem ficado obesas? Falta de exercício? Talvez precisem de andar mais.
Só para corrigir, que Marte não está a anos-luz de distância. Está a cerca de 14 minutos-luz de distância da Terra.
Eu sei! Estava a fazer referência aos comentários, mas obrigado por tentar corrigir. 🙂
Este foi um dos melhores textos que eu já li em toda a minha história de internet. Parabéns!
Eu, como astrônomo e estudante de astrofísica, me vejo em uma posição bem deslocada da realidade em que as pessoas que se consideram “normais” vivem hoje. Enquanto a maioria delas quer solucionar o que é imediato, quer dinheiro, poder e fama, o que eu quero nada mais é do que sanar a minha curiosidade. Eu acredito que o método de ensino utilizado nas escolas acaba por matar aos poucos a curiosidade das crianças, e quando chegam à adolescência, não passam de um exército de robozinhos sem personalidade.
Não obstante, eu ouço a pergunta “Qual a finalidade/serventia da astronomia?”. Eu não me dou ao trabalho de pensar em uma resposta bonita e eloquente para alguém com uma mente tão fechada, eu simplesmente digo “Serve para matar a minha curiosidade.”
Para mim, a ciência é como a arte: fazer uma pesquisa científica é como pintar um quadro ou compor uma música. Um pesquisador que ama o seu trabalho o faria até mesmo de graça, pelo simples prazer. É uma pena que não é qualquer pessoa que consegue apreciar a beleza da arte ciência; normalmente são “ocupadas demais” para perder seu tempo com essas esquisitices.
Excelente post, bem esclarecedor! :))
Tradução do website da NASA-Agriculture:
“Todos os dias, as pessoas usam os satélites da Nasa para ajudar a colocar comida e água sobre a mesa.
Em última análise, toda a nossa comida vem de plantas. Os satélites da NASA Aqua, Terra, e Landsat monotorizam o crescimento das plantas medindo o quanto as plantas absorvem de luz durante a fotossíntese. Estas medidas podem revelar o que está crescendo e como as plantas estão saudáveis.
Quando os cientistas comparam o crescimento da planta com o crescimento médio, eles podem detectar uma seca ou uma colheita abundante. Os agricultores usam as informações para gerir os seus campos de trigo, milho, soja e outras colheitas. E as agências de ajuda alimentar usam as medidas para detectar a escassez de alimentos antes que a fome se desenvolva.
Link:
http://www.nasa.gov/topics/earth/features/KnowYourEarth/Food.html
A falta de cultura cientifica leva as pessoas a não entender que o conhecimento e a técnica é estrutural ou seja, é a soma de pequenos avanços que leva a que uma estrutura funcione. A descoberta de uma cura, só é possível até se fazer imensas descobertas anteriores e até ser possível tecnicamente ter instrumentos/materiais/máquinas/etc que possibilitam avançar no conhecimento ou produção de algo.
Parabéns pelo excelente post.
Como não podia deixar de ser, no Facebook também se discutiu a utilidade do rover Curiosity. E também não foi de estranhar a insinuação de que os gastos com essa missão poderiam matar a fome a muitas crianças.
No grupo Astronomia-Portugal foi também tema de discussão, mas ali a discussão foi bem mais coerente: http://www.facebook.com/groups/196400023771177/354611244616720/
É triste. Quantas pessoas se preocupam com besteiras e sei lá eu com tantas outras coisas, mas não com as que realmente importam. Ciência é a arte de a abrir portas que nos levam a outros lugares de nossa própria casa, o Universo. Parece tão óbvio que se não procurarmos mudar nossas atitudes em relação ao que desconhecemos e a achar que um ser sobrenatural irá nos redimir de todas as mazelas da humanidade, nunca iremos realmente deixarmos de ser aquele inquisidor purificando o mundo dos horríveis seres que insistiam em achar que nem só de fé se vive o homem. Disseram que um homem veio ao mundo e que lá pelas tantas, acho que já bem cansado de tantas boas ações de seus contemporâneos, exclamou certa vez: Pai perdoai-os, pois não sabem oque fazem!… não sei se tal Homem e esse seria um homem com H, esteve por essas
bandas do Cosmo, ou se é apenas mais uma estória, só sei que todo aquele que pensa ou vê um pouco além do que a maioria, corre um sério risco de ser mais um espécime
em estinção.
[…] – Vantagens da Exploração Espacial (tag): 100 + 50 exemplos. Freira. Inovações imprevisíveis. Resposta. Respostas. Custos: Tyson, […]
[…] Gostei da personagem porque fala de assuntos que abordamos frequentemente aqui no blog. Existem pessoas que têm um medo patogénico da ciência, seja por medo daquilo que não conhecem e não compreendem, seja por incapacidade de separar a ciência, enquanto uma ferramenta, das acções de pessoas que abusam dela por benefício próprio. Por exemplo, as pessoas que têm medo dos transgénicos chegam a usar a expressão “Frankenfood” ou “comida Frankenstein” numa clara alusão aos mesmos medos retratados na história. Já outras pessoas sentem indiferença ou até desprezo em relação à ciência, todos os dias utilizam os produtos que a ciência lhes dá mas não conseguem fazer a conexão entre as duas coisas, não entendem que todos esses produtos tiveram origem na simples mas admirável curiosidade humana (como aliás escrevi aqui anteriormente). […]